Grupo de Estudos Aula 04

Grupo de Estudos Doutrinários da Umbanda - Aula 04
Niterói, 22 de julho de 2016.

 
BOA LEITURA! 


2.      Normas para acesso ao terreiro e à assistência

Por mais que possa parecer cansativo, as normas de uma casa ou terreio devem ser sempre lembradas, pois nós, viventes ainda temos o costume de esquecer nossas obrigações. Se nós nos esquecemos de fazer as obrigações junto à Zambi, imagina cumprir as obrigações junto ao terreiro.
Nunca estaremos longe das tarefas e exigências de boa conduta, mesmo depois do desencarne seremos direcionados, as fileiras das regras e obediências divinas. Não adianta solicitar ajuda do alto, se nós não fazemos por onde, pedir se não conseguimos praticar o mínimo necessário para nos desenvolvermos enquanto pessoa, antes de ser médium. A vida fora do terreiro deve ser espelho para nossas atividades mediúnicas.
O desenvolvimento da sessão deve ser respeitado, conforme as regras estabelecidas pelo Babalorixá responsável pela casa (Pai Adilson), até os guias são obrigados a obedecer essas regras. São elas:
A roupa do médium deve ser exclusivamente para o uso no terreiro, quando a direção pede que não use roupas coloridas está se referindo a isso. Não use uma roupa que você sai à noite ou trabalha no dia-a-dia para vir prestar o trabalho da caridade. Sempre use roupa branca, sempre! O branco não é uma cor, e sim a reunião de todas as cores numa só. Por isso Oxalá reflete todas as coisas, e por isso não usamos roupas coloridas, pois assim os nossos mentores superiores ordenaram o uso apenas de roupas brancas.
As mulheres usam a BAIANA, roupa destinada aos trabalhos, com uma saia longa, anáguas e blusa alta, ou seja, não deixando aparecer nenhuma parte dos seios, pois entre as incorporações podemos perder o controle do nosso corpo e deixar aparecer algo que não gostaríamos que aparecesse. Não usar maquiagem; batom, rímel e perfume, pois a assistência não vai ao terreiro para nos ver, e sim receber auxílio dos guias. Anéis, brincos e colares também são dispensáveis. Tudo o que for VAIDADE é dispensável, e quanto antes o médium perceber isso, mas rápida será sua evolução.
Os homens, calça branca jeans ou tecido (não recomendamos calça de poliéster como calça de capoeira) roupas largas, para não ficar apertadas no corpo e não sobressair qualquer parte do corpo masculino. Blusa branca, bata, polo ou blusa de malha também virgem. Sem perfume, relógios, somente à aliança se tiver, barba feita, pois a boa aparência faz parte da higiene diária.
Quando trazer um convidado a nossa casa, fazer o mesmo tipo de orientação, usar roupas claras e cumprida. Se for trazer médiuns de fora ou mesmo Babalorixá ou uma Ialorixá orientar da mesma forma e ainda aconselhar a fazer a preparação com preceito e ervas firmando o anjo de guarda. Se trouxer um ogã, a mesma orientação, pois não podemos abrir a guarda dos trabalhos para uma pessoa que não está preparada para evocar com cânticos os guias espirituais. Na dúvida procure sempre os dirigentes e seus colaboradores.                                  

3.      Origem da Umbanda

No final do século passado, já existiam, no Brasil e principalmente no estado do Rio de Janeiro, várias modalidades de culto que denotavam, nitidamente, a origem africana. A mistura de catolicismo, feiticismo negro e crenças nativas dos índios multiplicavam-se. Virou costume a atividade remunerada do feiticeiro; o "trabalho feito" passou a ser cultura. Para destruir os efeitos maléficos generalizaram-se os "despachos", para obter favores para uns e prejudicar terceiros; aves e animais eram sacrificados, com as mais diversas finalidades; exigiam-se objetos raros para homenagear entidades ou satisfazer elementos da baixo astral.
Os Mentores do Astral Superior, porém, estavam atentos ao que se passava. E muitos espíritos desenvolvidos não conseguiam mais trabalhar nestas casas, devido à má utilização da fé.
Esta falange de espíritos superiores, juntos aos espíritos dos índios e africanos escravizados trouxeram o movimento espiritual destinado a combater a magia negativa que se propagava assustadoramente. Formaram-se então, as falanges de trabalhadores espirituais, que se apresentariam na forma de Caboclos, Pretos Velhos e Crianças.
No final de 1908, Zélio Fernandino de Moraes, um jovem rapaz com 16 anos de idade, que se preparava para ingressar na carreira militar na Marinha, começou a sofrer estranhos "ataques". Sua família, conhecida e tradicional na cidade de Niterói, bairro de Neves, foi pega de surpresa pelos acontecimentos.
Esses "ataques" do rapaz eram caracterizados por posturas de um velho, falando coisas sem sentido e desconexas, como se fosse outra pessoa que havia vivido em outra época. Muitas vezes assumia uma forma que parecia um jovem esperto que mostrava conhecer muitas coisas da natureza.
Após examiná-lo durante vários dias, o médico da família recomendou que seria melhor encaminhá-lo a um padre, pois o médico que era tio do paciente, dizia que a loucura do rapaz não se enquadrava em nada que ele havia conhecido. Acreditava mais, era que o menino estava endemoniado. 
Alguém da família sugeriu que "isso era coisa de espiritismo" e que era melhor levá-lo à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa. Tomado por uma força estranha, e contrariando as normas que impediam de levantar da mesa, Zélio levantou-se e disse: "Aqui está faltando uma flor". Saiu da sala indo ao jardim e voltando após com uma flor, que colocou no centro da mesa. Essa atitude causou um enorme tumulto entre os presentes. Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios.
O diretor dos trabalhos achou tudo aquilo um absurdo e advertiu-os com aspereza, citando o "seu atraso espiritual" e convidando-os a se retirarem. Após esse incidente, novamente uma força estranha tomou o jovem Zélio e através dele falou: "Porque repelem a presença desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens. Será por causa de suas origens sociais e da cor de sua pele?"
Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura.
Um médium vidente perguntou: "Por que o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? Por que fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome irmão?
"Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim, não haverá caminhos fechados." "O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como caboclo brasileiro."
Anunciou também o tipo de missão que trazia do Astral:
"Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, às 20 horas, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. 
            Neste imóvel, localizado na rua Floriano Peixoto, nº 30, em Neves, Niterói – RJ iniciou-se a religião de Umbanda, anunciada no dia 16 de novembro de 1908, pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas.
            Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. ”
O vidente retrucou: "Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto”? Perguntou com ironia. E o espírito já identificado disse:
"Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei".
Para finalizar o caboclo completou:
"Deus, em sua infinita Bondade, estabeleceu na morte, o grande nivelador universal, rico ou pobre, poderoso ou humilde, todos se tornariam iguais na morte, mas vocês, homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Porque não podem nos visitar esses humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas socialmente importantes na terra, também trazem importantes mensagens do além?"
No dia seguinte, na casa da família Moraes, ao se aproximar a hora marcada, 20h, lá já estavam reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos.
Às 20h, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam lugar para trabalhar nas seitas de magia negra, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra, poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social.
A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste culto, que teria por base o Evangelho de Jesus.
O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto. Sessões, assim seriam chamados os períodos de trabalho espiritual, diárias, das 20h às 22h; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito. Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava: UMBANDA – Manifestação do Espírito para a Caridade.
Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens do Astral Superior para fundar sete tendas para a propagação da Umbanda. As agremiações ganharam os seguintes nomes:

Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia / Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição
Tenda Espírita Santa Barbara / Tenda Espirita São Pedro / Tenda Espírita Oxalá
Tenda Espírita São Jorge / Tenda Espírita São Gerônimo
                                

4.      Linhas da Umbanda


            Em cada Trono Divino há uma Divindade assentada que na Umbanda chamamos de Orixás Regentes. As Sete Linhas de Umbanda são as irradiações dos Sagrados Orixás, regentes e cada uma dessas essências que atua num padrão vibratório, estimulando e dando sustentação aos seres que vivem em todas as dimensões do planeta. A Umbanda tem nas Sete Linhas seus fundamentos:

A Linha Cristalina estimula a Fé (Religiosidade)
A Linha Mineral estimula o Amor/Concepção (Sexualidade)
A Linha Vegetal estimula o Raciocínio (Conhecimento)
A Linha Ígnea estimula a Razão (Juízo)
A Linha Eólica estimula a Ordem (Equilíbrio)
A Linha Telúrica estimula o Saber (Evolução)
A Linha Aquática estimula a Maternidade (Geração)

            São sete irradiações, sete padrões vibratórios, sete sentidos da vida e sete sentimentos.  As sete irradiações dão origem a sete essências, que dão origem a sete elementos, que por sua vez dão origem a sete tipos de matérias ou energias. Todas são Irradiações Divinas e cada uma flui num padrão próprio que influencia quem é alcançado por ela, alterando nossos sentimentos mais íntimos e o nosso padrão vibratório, estimulando sentimentos mais nobres e virtuosos.  Assentados nestas linhas estão os Divinos Orixás, da seguinte forma:
 A Linha da Fé – Oxalá
A Linha do Amor - Oxum
A Linha do Conhecimento - Oxóssi
A Linha da Razão - Xangô / Iansã
A Linha da Ordem – Ogum
A Linha da Evolução - Obaluaiê / Nanã
A Linha da Geração - Iemanjá / Omulu


5.      Orixás

            Você não encontrará aqui Lendas que expliquem os Orixás, porque a Umbanda não se fundamenta em lendas e sim em observação do funcionamento das forças da natureza. Você não encontrará aqui "pontos riscados" de entidades, porque é parte integrante do ritual da Umbanda e, portanto, não deve ser profanado.

v  Oxalá

Na Umbanda, oxalá é a Divindade que está assentada na irradiação do Trono da Fé, cuja essência é Cristalina. Pai Oxalá é o Regente da Linha da Fé, e suas irradiações universais são retas e contínuas, projetando-se de forma passiva a todos, o tempo todo.
Oxalá é o raio reto, o caminho reto que conduz a Deus (Olorum). A essência Cristalina de Pai Oxalá contém os Fatores Magnetizador e Congregador que estão na base da Criação. Sem o primeiro, nada existiria em nosso planeta, já que a vida se sustenta por vibração magnética. Já o Fator Congregador tem por função reunir tudo e todos numa mesma direção e objetivo maior, dando forma e mantendo a estrutura de todas as coisas e seres. Cada Orixá tem um magnetismo específico e Oxalá é o próprio Magnetismo, que foi essencial para a Criação inclusive do nosso planeta, bem como de tudo que nele existe. Por esse motivo, oxalá é associado ao Sol (cuja luz é essencial para a vida na Terra) e ao próprio planeta Terra (pois não haveria vida aqui, sem o Fator Magnetizador de Oxalá). Lembre-se se usar sempre roupas brancas as sextas-feiras, para absorver mais a energia sublime deste orixá.

Irradiação: 
Campo de atuação: Magnetizador e Congregador
Elementos: Essência Cristalina
Cores: Branco (também o dourado e o transparente)
Data comemorativa: 25 de dezembro
Dia da semana: Sexta-feira

Sincretismo: Jesus Cristo

v  Oxum

Oxum é a Divindade que está assentada no Trono Mineral, o Trono do Amor, e atua na vida dos seres estimulando em cada um os sentimentos de amor, fraternidade e união.
Seu elemento é o mineral. Suas vibrações, magnetismo e irradiações planetárias atuam sobre os seres estimulado os sentidos de amor e acelerando a união e a concepção.
Beleza, vaidade e sensualidade. Estes são atributos que Mãe Oxum, a “deusa” do amor da Umbanda, guarda e estimula nos seres. Ela rege também a fertilidade e o poder de gestação. Tida como senhora das águas doces que irrigam os campos, atua na geração da fartura e, por isso, identifica-se com todas as manifestações de riqueza. Oxum está em tudo, pois, se amamos algo ou alguém é porque ela está dentro de nós. Como o rio, que sempre caminha para o mar, Oxum na Umbanda está diretamente ligada à Rainha do Mar, encabeçando a legião das sereias de águas doces. Oxum é a força dos rios que correm sempre adiante, levando e distribuindo pelo mundo sua água que mata a sede. É a Mãe da água doce e Rainha das cachoeiras. Orixá da prosperidade e da riqueza interior, ela é a manifestação do Amor, puro, real, maduro, sensível e incondicional, por isso é associada à maternidade e ligada ao desenvolvimento da criança ainda no ventre da mãe. É Oxum que gera o nascimento de novas vidas que estarão no período de gestação numa bolsa de água – como ela, Oxum, rainha das águas. É Ela também que “tomará conta” até o nascimento, quando então entrega a Iemanjá, que será responsável pelo destino daquela criança. Oxum é a mãe das crianças, seres inocentes e sem maldade, zelando por elas desde o ventre até que adquiram a sua independência. Os seus filhos são a sua maior riqueza. Oxum é o amor; é a capacidade de sentir amor.
Irradiação: Amor
Campo de atuação: Agregadora e Conceptiva
Elementos: Mineral e Água Doce
Cores: Rosa (também o azul e o dourado)
Data comemorativa: 12 de outubro e 08 de dezembro
Dia da semana: Quinta-feira
Sincretismo: Nossa Senhora (dos Prazeres, Aparecida e outras)

v  Oxóssi

Oxóssi é a Divindade que está assentada no Trono do Conhecimento. Oxóssi irradia o Conhecimento e atua em nosso mental estimulando a busca pelo conhecimento no sentido mais amplo da palavra, de modo a expandir todos os Sentidos da nossa vida. Ele também ampara os seres que fazem bom uso dos conhecimentos adquiridos, aplicando-os para a própria evolução e no esclarecimento ao próximo.
Por isso, Oxóssi representa o arquétipo do Grande Caçador: aquele que vai buscar e nos traz o Conhecimento e respostas às nossas necessidades de aprendizado e evolução. Oxóssi é o raciocínio hábil, o cientista, o doutrinador, é o grande comunicador, é a Divindade da Expansão. É o Senhor do Reino Vegetal, dono de todos os frutos, ervas e flores e de toda a vida existente nas florestas, campos, matas e adjacências. É o Senhor da fauna e da flora planetárias. Seu primeiro Elemento de atuação é o Vegetal (que nos purifica, limpa, nutre e cura) e o seu segundo Elemento é o Ar (que leva, espalha e expande).

Irradiação: Conhecimento
Campo de atuação: Direcionador e Expansor
Elementos: Vegetal e Ar
Cores: Verde (também o azul escuro e o magenta)
Data comemorativa: 20 de janeiro
Dia da semana: Quinta-feira

Sincretismo: São Sebastião

v  Xangô

Pai Xangô está assentado na Linha da Justiça e está em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.  Xangô é a ideologia, a decisão, a vontade, a iniciativa. É a solidez, a organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso social e cultural, a voz do povo, a vontade de vencer. Também é o sentido de realeza, o espírito nobre das pessoas, o poder de liderança.
Para Xangô, a Justiça está acima de tudo e sem ela nenhuma conquista vale a pena: o respeito pelo rei é mais importante que o medo. É o protetor dos juízes e operadores do Direito em geral.  Invocamos Pai Xangô para devolver o equilíbrio e a razão aos seres exageradamente emocionados e desequilibrados e também para clamar pela Justiça Divina, visando o corte de demandas cármicas para recuperamos o equilíbrio e a saúde espiritual, mental, emocional e física. Além disso, tudo o que se refere a estudos, a disputas judiciais, a contratos e a documentos “trancados” pertence ao campo de atuação de Pai Xangô. Quando pedimos a intervenção da Justiça Divina é preciso lembrar que ela vai atuar em primeiro lugar em nós mesmos, verificando o quanto temos sido justos com a nossa própria vida e com os nossos semelhantes. A balança da Justiça pesa os dois lados de uma questão. E a machadinha dupla de Xangô corta tudo que não esteja de acordo com a Justiça Divina, para só então trazer o equilíbrio, a razão e a estabilidade, sempre de acordo com a nossa necessidade e o nosso merecimento.

Irradiação: Justiça
Campo de atuação: Graduador e Equilibrador
Elementos: Ígnea (das rochas), Fogo e Ar
Cores: Azul claro (também branco cristalino, marrom e prata)
Data comemorativa: 24 de junho
Dia da semana: Quarta-feira
Sincretismo: São João Batista (também São Jerônimo, São Pedro e Moisés)

v  Iansã

Mãe Iansã é a Divindade que está assentada na Linha da Lei, onde atua de forma ativa para absorver os desequilíbrios cometidos no campo da Lei e da Justiça Divinas e reconduzir os seres ao equilíbrio.
A Divindade Iansã é a qualidade Direcionadora de Deus (Olorum), que atua de forma permanente em toda a Criação para que tudo e todos possam evoluir. Tudo na Criação Divina é direcionado para um caminho de evolução. Enquanto Pai Ogum é o aspecto fixo da Lei, a irradiar continuamente as Vibrações Divinas da Lei Maior e com elas amparando e sustentando a tudo e todos de forma passiva (sem forçar ninguém), Mãe Iansã é o aspecto móvel da Lei, que entra em ação para corrigir os desvirtuamentos dos seres neste Sentido da Vida e recolocá-los no caminho reto, de modo que também a Justiça Divina seja obedecida e aplicada. Pois quando a Lei não é cumprida, a Justiça também é desrespeitada. Iansã pune quem desvirtua ou se aproveita dessas Qualidades Divinas com más intenções. Seu campo preferencial de atuação é o emocional dos seres. Como Divindade Direcionadora e Movimentadora, Mãe Iansã retira os seres de um caminho de estagnação evolutiva (provocada por seus desequilíbrios emocionais) e ajuda a encaminhá-los, cortando os seus excessos emocionais e colocando-os no caminho correto a seguir. Além de corrigir excessos no campo da Lei e da Justiça, Iansã é o Orixá que dá amparo àqueles que vivem em obediência à Lei e à Justiça Maiores, protegendo-os e combatendo as injustiças que estejam enfrentando. Sua atuação é ativa, mobilizadora e emocional, mas não é inconsequente ou emotiva, porque ela é o Sentido da Lei, e a Lei não é apenas punidora, mas também direcionadora.

Irradiação: Lei/Direcionamento
Campo de atuação: Movimentadora e Ordenadora
Elementos: Ar
Cores: Amarelo ou também o vermelho
Data comemorativa: 04 de dezembro
Dia da semana: Quarta-feira
Sincretismo: Santa Bárbara e Santa Brígida

v  Ogum

Ogum é a Divindade que está assentada na Linha da Lei. Representa a Ordenação Divina, o Governo da Lei Maior em toda a Criação. Suas Irradiações contínuas amparam e sustentam aqueles que vivem dentro da Lei e da Ordem Divinas e também socorrem aos que necessitam desse amparo.  Ogum é a Lei, cujo símbolo é a espada, que por sua vez representa o caminho reto, a retidão de caráter, a honra, a honestidade. Perante a Lei não existe “mais ou menos”, ou seja, não se pode ser “mais ou menos honesto”: ou se está no caminho reto, respeitando a Lei Divina, a si mesmo e ao próximo, ou não se está. Ogum é o Senhor que realiza a abertura de caminhos, a ordenação, o afastamento da desordem e do caos, o corte das atuações negativas, mas tudo a partir do equilíbrio íntimo dos seres perante a Lei Divina. A primeira “batalha” que Pai Ogum nos ensina a realizar é vencer os vícios e a desordem interna para que, uma vez equilibrados, possamos atrair situações e relacionamentos ordenados, livres da desordem que nasce do desrespeito à Lei Maior e à Justiça Divina. Lei e Justiça são interligadas, não se pode obter o amparo da Justiça Divina sem viver em obediência às Leis da Criação. O dragão subjugado por São Jorge e por São Miguel Arcanjo, que sincretizam com Ogum, representa exatamente o trabalho pela vitória sobre as nossas trevas interiores. O dragão é o símbolo da maldade, dos vícios, das negatividades, do ego exacerbado, da vaidade extrema e da ganância. Vencendo o dragão, sob o amparo de Ogum, nos habilitamos a atrair situações favoráveis, sob o amparo da Lei. Porque a Lei atua sem cessar, irradiando-se para toda a Criação.

Irradiação: Lei
Campo de atuação: Lei e Ordenação
Elementos: Ar e Fogo
Cores: Vermelho, azul-escuro escuro e Prateado
Data comemorativa: 23 de abril
Dia da semana: Terça-feira

Sincretismo: São Jorge (também com Santo Antonio de Pádua)

v  Obaluaiê (Orixá Xapanã Jovem)

Obaluaiê é a Divindade que está assentada na Linha da Evolução na Umbanda. Representa e irradia a Vibração Divina que promove a Evolução contínua de todos os seres e elementos da Criação. Pai Obaluaiê irradia o tempo todo sagradas energias que nos fazem dar um passo à frente, inclusive transmutando ou modificando de forma positiva todo e qualquer sentimento, pensamento ou energia contrária à nossa evolução. Essa atuação se dá por meio da luz violeta, essencialmente transmutadora, a frequência mais alta de todas as cores do arco-íris. Muitos associam Obaluaiê apenas à ideia do Orixá Curador, “o Médico Sagrado da Umbanda”, que Ele realmente é., Mas Obaluaiê representa mais que isto: Ele é o Senhor das Passagens de um plano para outro, de uma dimensão para outra, de um estado ou condição para outra, e mesmo do espírito para a carne e vice-versa, pois atua diretamente no processo reencarnatória. É um Trono Divino que cuida da Evolução dos seres, das criaturas e das espécies, por meio da irradiação dos Fatores Transmutador e Evolucionista. Transmutar significa transformar o negativo em positivo. Já o seu Fator Evolucionista ou Evolutivo tem por função criar as condições necessárias para a evolução dos seres.  Obaluaiê nos dá sustentação energética divina para que alcancemos o próximo passo do caminho evolutivo, para a subida dos degraus do caminho da Evolução. Ele nos encaminha para dar o passo à frente e deixar para trás o que não serve mais para a nossa vida, despertando em nosso íntimo o desapego, a perseverança, a humildade, a paciência, a sabedoria adquirida com a experiência.

Irradiação: Transmutação e Evolução
Campo de atuação: Transformação e Evolução dos seres
Elementos: Terra e Água
Cores: Violeta (também o branco, o prateado e o bicolor branco/preto)
Data comemorativa: 16 de agosto
Dia da semana: Segunda-feira
Sincretismo: São Roque (também com São Lázaro, celebrado em 17/12)

v  Nanã

Uma das primeiras características de Mãe Nanã é a maleabilidade. Ela desfaz o que está paralisado nos seres, dando-lhes mais movimento. Quando o ser estaciona num padrão vibratório negativo (pensamentos, sentimentos, crenças e emoções), insistindo em condutas igualmente negativas, ele se petrifica, fica impermeável às sugestões do Bem. Neste caso, ele será atraído para o campo de Mãe Nanã, para se tornar mais flexível. Outra característica de Nanã é a decantação. Ela trabalha os seres em seus vícios, desequilíbrios e negativismos, fazendo uma espécie de filtragem dessas energias desequilibradas.  Isso acontece porque Ela é um Orixá “água-terra”. O seu primeiro elemento de atuação é a água e o segundo é a terra. O elemento água dá maleabilidade ao que estava endurecido, “amolece”, torna permeável, permite adquirir e absorver outros valores. Então, a terra se junta à água, formando “um barro” que absorve os negativismos decantados. Isto gera condições para dar estabilidade àquilo que ficou de positivo após a decantação. E uma vez que “o positivo” foi estabilizado no ser, ele poderá recomeçar sua evolução.
Os lagos, mangues e os grandes rios que correm tranquilamente são Pontos de Força de Mãe Nanã. Pense num lago. Um lago tem a superfície calma, águas tranquilas, tudo parece estar parado. Porém, quando você atira nele qualquer coisa, verá que ele puxará para o fundo e decantará silenciosamente.
Assim é a Energia de Nanã, a mais velha das Mães das Águas. Diferente de Mãe Oxum, simbolizada pelas cachoeiras, que são rápidas e representam a energia da Mãe Jovem. E, ao decantar nossas emoções e sentimentos, ela também pode nos curar, já que muitas doenças têm forte cunho emocional como raiva, inquietação, impaciência, ansiedade, nervosismo, ciúme, inveja, etc. Decantando nossos vícios e desequilíbrios emocionais e mentais, Nanã nos acalma e nos transforma. Transformados interiormente, entramos no caminho da cura. Em outras palavras: evoluímos.

Irradiação: Decantação e Evolução
Campo de atuação: Evolução e Transmutação
Elementos: Água e Terra
Cores: Lilás (também Roxo e Rosa)
Data comemorativa: 26 de julho
Dia da semana: Domingo
Sincretismo: Nossa Senhora de Santana

v  Iemanjá

Iemanjá é a Divindade que na Umbanda é a Grande Mãe, a Mãe da Geração. Está assentada no polo universal positivo ou irradiante do Trono da Geração e da Vida e rege a Sétima Linha de Umbanda (Linha da Geração). Iemanjá é a Mãe da Vida, é a água que vivifica.  Seu campo preferencial de atuação é no amparo à maternidade, porque Ela é Senhora do Mistério Maternal. Simboliza a Manifestação das Qualidades Geradora e Criativa do Divino Criador. É o Orixá que irradia continuamente as qualidades geradoras da vida e da criatividade, abençoando todos os seres de forma natural, sem forçar ninguém. E sempre ampara aqueles que pedem e buscam essas bênçãos. Ela irradia o tempo todo seu Fator Gerador e Criacionista, que estimula a geração e a criatividade das pessoas, trazendo oportunidades de crescimento nos Sete Sentidos da Vida, pois irá estimular a geração de vidas, de ideias, de fé, de amor e de conhecimento. O principal elemento de Iemanjá é a água, o elemento das emoções. O mar é regido por ela (e a Ciência estuda que a origem da vida está nas águas).  O mar representa todas as águas, já que todas as águas correm para o mar. E o mar “lava” os nossos problemas e mágoas e renova a nossa vontade de viver. Assim, podemos pedir a Iemanjá que nos ajude a lidar com as nossas emoções e a equilibrá-las. E sua regência vai muito além da geração através do sexo, pois representa a Geração da Vida no sentido mais amplo, como a doação da criatividade que permite aos seres encontrarem seus “pares”, unindo-se a eles para se multiplicarem e conseguirem melhores resultados nas suas vidas. Esses “pares” são as Energias emanadas por este Orixá, que podemos atrair para nos ajudar a desenvolver nossos potenciais, atrair pessoas, parceiros, grupos de estudo e outras atividades. Tudo isso está contido no Mistério Maternal de Iemanjá, que nos dá equilíbrio emocional e energético, gerando novos caminhos e oportunidades em nossas vidas.

Irradiação: Geração
Campo de atuação: Criatividade e Geração
Elementos: Água
Cores: Azul claro (também branco cristalino e prata)
Data comemorativa: 08 de dezembro
Dia da semana: Sábado
Sincretismo: Nossa Senhora das Candeias, da Luz, dos Navegantes e da Glória

v  Omulu (Orixá Xapanã Velho)

Omolu é o Orixá assentado na Linha da Geração, onde é o Regente do Equilíbrio na Criação Divina. Pai Omulu é o Guardião da Vida. É rigoroso, mas compreensivo, ainda que não o demonstre.
O Orixá Omolu paralisa tudo aquilo que atenta contra os Sentidos da Vida. É a Presença de Deus garantindo a Vida e a Geração. É a profundidade da Terra. As irradiações do Sagrado Pai Omolu garantem o equilíbrio da Criação, pois atraem para o Seu campo todos os seres que se desequilibraram e passaram a atuar de forma desvirtuada, atentando contra qualquer dos Sentidos da Vida. O magnetismo de Omolu é absorvente e suas ondas são alternadas. Omolu é também o Orixá que rege a morte física, ou seja, o instante seguinte à passagem do plano material para o plano espiritual (desencarne). Mas Omolu não traz a morte, como alguns parecem imaginar. Na verdade, Ele representa “a morte” daquilo que atenta contra o Sentido da Vida e da Geração, o que é bem diferente. E Omolu também não traz a doença. Ele traz, sim, “a morte” da doença, do desequilíbrio e do vício para viabilizar a restauração da saúde geral dos seres desvirtuados e desequilibrados (saúde espiritual, moral, mental, emocional e física). Ou seja: Omolu representa “a morte” no sentido de trazer o fim a um estado de doença ou de desequilíbrio e sempre para a preservação da Vida, no sentido mais elevado da palavra. Assim, quem de alguma forma atenta contra a vida do semelhante está “matando” o Sentido da Geração. Tudo isso é atraído para o campo de Pai Omolu, que irá acionar o Seu fator paralisador sobre aquele ser desvirtuado.

Irradiação: Geração
Campo de atuação: Paralisador, gerando Estabilidade e Equilíbrio
Elementos: Telúrico (da Terra)
Cores: Roxo (também branco/preto/vermelho ou branco/preto juntos)
Data comemorativa: 02 de novembro
Dia da semana: Segunda-feira
Sincretismo: São Bento

 

v  Pretos Velhos

Os Pretos Velhos na Umbanda são entidades elevadas que se apresentam estereotipados como anciãos negros conhecedores profundos da Magia Divina e da manipulação de ervas. São excelentes mandingueiros, mestres dos elementos da natureza, os quais utilizam em seus benzimentos e trabalhos espirituais.
Crê-se que em referência à dor e aflição sofrida pelo povo negro durante a escravidão, a Linha de Pretos Velhos reflita a humildade, a sabedoria, a paciência e a perseverança. Vale dizer que não necessariamente todos foram escravos; sua sabedoria e humildade são características marcantes e sua calma e ensinamentos são profundos, daí também a referência a estes iluminados seres da Criação. A característica principal desta linha é a sua elevada orientação espiritual. A Linha de Pretos Velhos na Umbanda é regida pelo mistério Ancião, na força do Orixá Obaluaiê que é o Orixá sustentador da Evolução, da transmutação e transformação dos seres. Mas os Pretos Velhos também se apresentam e transitam dentro da linha de outros Orixás.

Regência principal: Obaluaiê
Campo de atuação: Sabedoria e Perseverança
Cores: Branco

v  Caboclos

A Linha dos Caboclos se apresenta na irradiação de um ou mais Orixás, pois eles próprios são filhos de determinado Orixá e perante outros foram iniciados para trabalharem em Seus Mistérios. Exemplos: Caboclo Pena Branca (de Oxóssi e Oxalá); Caboclo Pena Dourada (de Oxóssi e Oxum) e assim por diante.
Os Caboclos são espíritos muito esclarecidos e caridosos, assim como os Pretos Velhos. Tiveram encarnações como cientistas, sábios, magos, professores e intelectuais. Alguns, em determinada encarnação, foram mesmo índios. No decorrer de encarnações, elevaram-se e vêm na Umbanda para auxiliar aos irmãos enfermos da alma e do corpo. Muitos são escolhidos pela Espiritualidade para serem os Guias-Chefes dos Terreiros ou então de seus médiuns, dando nomes a seus Templos. Na linguagem comum, a palavra “caboclo” designa o homem nativo, às vezes mestiço de branco com indígena. Mas na Umbanda o significado vai além. Os espíritos que se apresentam na Umbanda como Caboclos assumem a forma plasmada de “índios” em homenagem aos povos nativos do Brasil e de outras regiões da Terra que nutriam uma forte relação de amor e de respeito à Natureza e muito contribuíram com seus conhecimentos e valores morais e culturais para a formação da nossa Pátria.
Os Caboclos nas Giras de Umbanda são um exemplo de forma de vida simples, natural, livre de preconceitos e artifícios, de arrogância e de vaidade. Sua atuação junto de nós é libertadora, própria daqueles que evoluíram.

Regência principal: Oxóssi
Campos de atuação: Conhecimento, Expansão e Cura
Cores: Verde

v  Baianos

A Linha dos Baianos da Umbanda engloba espíritos de antigos Sacerdotes da Bahia e de outras regiões, tendo a Regência direta do Orixá Iansã. Esta Linha surgiu para homenagear os antigos Pais e Mães no Santo da Bahia que foram os primeiros a trabalhar para a preservação e a divulgação do culto aos Orixás em nosso país e enfrentando toda sorte de dificuldades e preconceitos.  Também tem uma ligação com os Orixás Oxalá e Oyá-Tempo, já que seu Arquétipo diz respeito a questões da Fé e da Religiosidade.
Manifestam-se de forma alegre e movimentada e gostam de uma boa conversa. Nos trazem seu axé, sua energia positiva, e têm muito a nos ensinar, sempre com uma resposta certeira e rápida para as nossas dúvidas e questionamentos. Na sua forma de trabalhar, trazem muito das qualidades de Mãe Iansã: são bastante ativos, movimentadores, irrequietos, despachados e descontraídos. Sabem ouvir, dar bons conselhos e levantar o ânimo dos entristecidos. Neste caso, conversam bastante, transmitindo conforto e segurança aos consulentes. Seu objetivo é nos ajudar a manter uma conduta reta na vida, para que a Lei e a Justiça Divinas nos amparem. Baiano é alegre, Baiano brinca, mas também sabe falar sério e, nessas horas, vai direto ao ponto.

Regência principal: Iansã
Campos de atuação: Força Movimentadora
Cores: Amarelo, branco e vermelho

v  Boiadeiros

Os espíritos que se manifestam na Umbanda na Linha dos Boiadeiros são aguerridos, valorosos, de poucas palavras, mas de muitas ações. Apresentam-se como espíritos que encarnaram, em algum momento, como tocadores de boiada, vaqueiros entre outros. Os seus pontos cantados sempre aludem a bois e boiadas, a campos e viagens, a ventanias e tempestades. O Arquétipo da Linha de Boiadeiros é a figura mítica do peão sertanejo, do tocador de gado, dos homens que viveram na lida do campo e dos animais e que desenvolveram muita força e habilidade para lidar contra as intempéries e as adversidades. O laço e o chicote são seus instrumentos magísticos de trabalhos espirituais. Eventualmente usam colares de sementes ou de pedras. São combativos, inclusive no corte de magias negativas, porque conseguem promover “um choque” em nosso campo magnético e liberá-lo de acúmulos negativos. É um Arquétipo forte, impositivo, vigoroso, valente e destemido. Representa a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, também chamado de caboclo sertanejo. Muitos deles foram mestiços, trazendo à nossa lembrança a essência da miscigenação do povo brasileiro, com seus costumes, crendices, superstições e fé.
Nem todos foram, de fato, “boiadeiros”, mas todos eles têm em comum a capacidade de atuar num campo específico e que caracteriza a Linha, qual seja o de nos trazer uma energia vigorosa, muito útil na quebra de cargas e magias negativas e para desfazer “cristalizações” mentais negativas, pois os Boiadeiros atuam no campo da Lei Divina e na Linha do Tempo.

Regência: Ogum
Campos de atuação: Força Ordenadora e Direcionadora
Dia da semana: Terça-feira
Cores: Azul escuro e amarelo

v  Ciganos

Os Ciganos se manifestam na Umbanda como uma Linha voltada bastante para a magia visando a prosperidade, a união familiar, o amor, a cura e a superação de preconceitos e de bloqueios emocionais.
A Linha dos Ciganos na Umbanda traz o arquétipo de um povo muito antigo e místico, de alma livre, desapegado e, por isso mesmo, capaz de atrair a prosperidade no campo espiritual e material e de ensiná-la a quem precise. O desapego e o senso de liberdade aparecem na sua maneira de viver, que é sustentada em suas crenças, tradições e na valorização da família. Nunca se envolvem em disputas por domínio ou conquistas. Os Ciganos são grandes conhecedores da magia, alegres, amantes da natureza, serenos e sábios conselheiros. São portadores de uma Energia que favorece muito a prosperidade, pois estimula nas pessoas um sentimento de liberdade, de amor e celebração da vida, bem como o desapego, fatores indispensáveis para se atrair a ”boa sorte” e “a fortuna”. Gostam de música e dança, e suas Giras são envolventes, coloridas pelas suas vestes e, acima de tudo, pela sua energia alegre e amiga. Usam muitos elementos magísticos, tais como: lenços e fitas coloridas, moedas, punhais, espelhos, taças, chaves, baralho, dados, pedras, runas, leques e incensos. Observam muito as fases da Lua para os seus trabalhos. No geral, a Lua Cheia é considerada a mais favorável, é a “lua madrinha” dos Ciganos.
Regência principal: Xangô
Campo de atuação: Prosperidade, Amor e Cura
Cores: Principalmente Amarelo e Vermelho

v  Erês – Crianças
O termo Erê vem do Yorubá “iré” que significa “brincadeira, divertimento”. Erês, Crianças, Ibejada, Dois-Dois, são nomes pelos quais os Guias ou Entidades de caráter infantil que incorporam na Umbanda são conhecidos pelo Brasil. Esta linha possui um alto poder de renovação dos seres, capaz de alegrar todos ao redor, sendo que o Amor é a própria energia manipulada pelas crianças. São espíritos naturais que jamais passaram pelo processo de encarnação; são seres de imensa luz e sabedoria. No decorrer das consultas vão trabalhando sobre o consulente, modificando e equilibrando sua vibração, regenerando os pontos de entrada de energia do corpo humano. Esses seres, mesmo sendo puros não são tolos, pois identificam muito rapidamente nossos erros e falhas humanas. E não se calam quando em consulta, pois nos alertam sobre eles. Eles manipulam as energias elementais e são portadores naturais de poderes só encontrados nos próprios Orixás que os regem. Apesar de possuírem um arquétipo aparentemente frágil, são verdadeiros magos e conseguem atingir o seu objetivo com uma força imensa. Embora as crianças brinquem, dancem e cantem, exigem respeito para o seu trabalho, pois atrás da sua vibração se revelam espíritos de extraordinários conhecimentos. A Festa de Cosme e Damião, santos católicos sincretizados com Ibeiji, realizada em 27 de setembro, é muito concorrida em quase todos os Terreiros do país.

Regência principal: Oxum
Campo de atuação: Renovação e Amor
Cores: Azul, Rosa e Branco


v  Exus

Na Umbanda, as Entidades Exus compõem uma Linha de Trabalho à Esquerda. São, em geral, espíritos humanos que tiveram várias encarnações, cometendo erros e acertos, como todo ser humano, mas com um diferencial: se conscientizaram e retomaram o caminho da Lei Divina, obtendo permissão para se assentarem à Esquerda dos Orixás e trabalharem no auxílio à nossa evolução. Os Exus absorvem e esgotam as negatividades dos seres que se desviaram das Leis do Criador, em qualquer dos Sete Sentidos da Vida. Em seguida, vitalizam as qualidades positivas dos seres e então os neutralizam, deixando seus magnetismos aptos a que retomem o caminho da evolução. O Orixá que dá sustentação às Entidades Exus é o Orixá Exu. Na Umbanda, este Orixá não é cultuado diretamente, mas está presente e atuante, pois as Divindades existem e estão presentes em nossas vidas, ainda que alguém não as reconheça.  Os Exus que trabalham na Umbanda atuam nos Sete Sentidos da Vida, ou seja, atuam nos campos de todos os Orixás. É por isso também que Exu é tido como o dono das encruzilhadas. A Encruzilhada pode ser entendida como o encontro de duas realidades, de duas verdades diferentes, tais como: matéria/astral; razão/emoção; luz/trevas; ou, literalmente, pode ser o encontro de dois caminhos. Esta é a representação do ponto de força de Exu, pois está em todos os caminhos, em todos os lugares e passagens, e não apenas na encruzilhada de rua. Todos os pontos que marcam a entrada e a saída de uma realidade são pontos de firmeza e de manifestação de Exu. Exu guarda a quem faz por merecer o amparo da Lei Divina, mas também intervém como Executor da Lei contra quem viola as Leis do Criador, para esgotar suas negatividades. Quando elas forem esgotadas, Exu vitaliza as qualidades positivas do ser para então neutralizar-lhe o magnetismo. A partir de aí aquele ser tem como recomeçar o trabalho evolutivo que a cada um compete. Exu não ataca a ninguém; só intervém por um comando da Lei Maior ou quando é ativado misticamente. Nos trabalhos religiosos de Umbanda, também a atuação de Exu é sempre delimitada pela Lei Divina, e sempre para o Bem.

Regência principal: Trabalham com vibração das Sete Linhas de Umbanda – Todos os Orixás
Campo de atuação: Absorve, neutraliza e Vitaliza os seres
Cores: Preto ou Preto e Vermelho (bicolor)
Dia da semana: Segunda-feira

v  Pombagiras

Na Umbanda, há uma Linha de Entidades de Trabalho que se identificam como Pomba Gira (ou Pombagiras) e que atuam na chamada Linha de Esquerda. São espíritos humanos que tiveram várias encarnações e que, com o tempo, obtiveram a permissão da Lei Maior para se assentarem à Esquerda dos Orixás e trabalharem em favor da nossa evolução. Dentro da Umbanda, o nome Pomba Gira pode ser traduzido como: mensageira dos caminhos à Esquerda. “Pomba” é um pássaro que já foi usado como correio (pombos-correios); e “gira” expressa a ideia de movimento, caminhada, deslocamento etc. Como essas Entidades atuam na Esquerda, vem o significado de mensageira dos caminhos à Esquerda. Na Umbanda, a Pombagiras é cultuada como Entidade de Trabalho, como Espírito que trabalha a serviço da Luz e que, portanto, só pode praticar o Bem.  Como todas as Entidades, a atuação de Pombagiras é sustentada por um Orixá. Este Orixá Sustentador manifesta um Mistério Divino e é chamado de Orixá Pombagiras. O Trono que corresponde ao Mistério Pombagiras é denominado Trono do Estímulo ou do Desejo, pois esta é a Energia que Pombagiras nos transmite, e com muita propriedade: o despertar do estímulo, do gosto pela vida, o “start” para levarmos avante os nossos esforços pela conquista de uma vida melhor, mais saudável e equilibrada, em todos os setores.

Regência principal: Trabalham com vibração das Sete Linhas de Umbanda – Todos os Orixás
Campo de atuação: Estímulo, Desejo pela vida
Cores: Vermelho ou bicolor vermelho/preto
Dia da semana: Segunda-feira

v  Malandro

A Linha dos Malandros da Umbanda traz para dentro do ambiente Sagrado os excluídos da sociedade. São espíritos que em alguma encarnação, por conta do preconceito racial, foram considerados párias e marginalizados pela sociedade, mas que lidaram com essa adversidade sem perder sua Fé, sua identidade e seu bom humor. Após desencarnarem, continuaram suas evoluções até alcançarem um Grau perante a Espiritualidade que lhes permitiu voltar à Terra na condição de Guias Espirituais, para nos reconduzir ao Divino. Ao mesmo tempo, a Linha dos Malandros simboliza a aproximação dos excluídos com o Divino e ainda, para todas as pessoas, a possibilidade de uma reflexão sobre o preconceito e as exclusões sociais. Mas, primeiro, cabe lembrar que não se trata do “malandro” no sentido vulgar da palavra. Os Espíritos que se apresentam na Umbanda dentro da Linha de Malandros vêm nos ensinar a flexibilidade, a capacidade de adaptação diante dos obstáculos, o “jogo de cintura” e o bom humor que se obtêm através do sentimento de Fé na Vida e em si mesmo e do equilíbrio das emoções, dos pensamentos e dos sentimentos. De alguma forma, em algum momento das suas existências, eles vivenciaram tudo isso e podem nos auxiliar.
Os Malandros nos ensinam que a vida é feita de experiências e todas visam nos ensinar algo de positivo; que não há obstáculos insuperáveis, pois, as transformações promovem renovação e evolução constantes.

Regência principal: À Esquerda da nossa Dimensão
Campo de atuação: Limpeza, Purificação e Abertura de Caminhos
Cores: Branco/preto; branco/vermelho; vermelho/preto

6.     Oração de Encerramento

            Zambi, nosso pai justo e misericordioso, agradecemos as graças que nos tem abençoado. Agradecemos, Senhor, pelos benefícios que nos concedestes, permitindo que os trabalhos desta casa, sob o patrocínio de nosso Bom Jesus, não fossem desviados dos fins a que se propunham.
            Maria, Virgem santíssima, recebei nossos agradecimentos pela benevolência com que acolheste as nossas súplicas.
            São Jerônimo, padroeiro dos estudos das Sagradas Escrituras rogai a Deus por nós, para que suas palavras e o amor de Jesus o Cristo possam fazer parte de nossa vida em qualquer lugar que estejamos.
            Livrai-nos das perseguições dos maus espíritos e que a vossa luz e o vosso conhecimento possam conduzir esses filhos errantes a senda divina do nosso Pai Criador.

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