Grupo de Estudos Aula 03
Grupo de Estudos Doutrinários da Umbanda
Aula 03 - Niterói, 01 de julho de 2016.
1. Oração de Abertura
Pai Nosso / Oração de São Francisco de Assis – Prece de Cáritas
2. Texto Base
Origem da Alma
Nada temos de base sobre o entendimento do surgimento da alma, diversas teologias religiosas e filosóficas tentam descobrir a origem da alma, do espírito. Segundo Kardec, apenas sabemos que elas são criadas simples e ignorantes, isto é, sem ciência e sem conhecimento, porém dispostos a absorver tudo o que conhecerem e aprenderem. Alguns filósofos espiritualistas alegam sobre a aquisição da inteligência e perfeição que esta ocorre através da vivência reencarnatória, dos diversos graus de animalidade. É aí, que a alma se desenvolve e ensaia o exercício da aprendizagem das suas primeiras faculdades.
No Reino Mineral a alma se prende aos elementos naturais primitivos do planeta, buscando sua integração à vida, tendo sua primeira sensação de vida na atração das partículas atômicas. Sem utilização da inteligência.
No Reino Vegetal e Animal, após a capacidade de atrair diversos elementos da matéria dos cristais começa uma longa caminhada na carreira evolutiva. Reconhecendo os vírus, as bactérias, as algas rudimentares, este é o princípio inteligente que vivenciam os vegetais mais complexos, aprendendo reagir, sentir, captar e reagir (irritabilidade) as mudanças do seu entorno a sensação, objetivo nesta etapa da evolução. Mais tarde começa a “energia pensante” ao entrar no Reino Animal, entre os crustáceos, anfíbios, répteis, peixes, aves e até mamíferos. Assim o ser estará enriquecendo sua estrutura energética e aprimorando em sua memória os valores da; reprodução, organização e autopreservação afim de rumar em busca da sublime razão. Tendo a maioria dos animais o instinto, razão desta etapa reencarnatória, como caçar, os ninhos dos pássaros, as teias das aranhas e alguns animais como; macacos, golfinhos, elefantes que já possuem uma inteligência rudimentar ligada a autopreservação animal.
No Reino Hominal, segundo André Luiz (mentor do Chico Xavier), para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, a alma no impulso do caminho ao reino angelical levou nada menos que um bilhão e meio de anos. Com a conquista da razão, aparece o raciocínio, a lucidez, o livre-arbítrio e o pensamento contínuo. Até então, o progresso tinha uma orientação, ou seja, de fora para dentro; o ser crescia pela força das coisas, já que não tinha consciência de sua realidade, nem tampouco liberdade de escolha. Ao entrar no reino hominal, o princípio inteligente - agora sim, Espírito - está apto a dirigir a sua vida, a conquistar os seus valores pelo esforço próprio, a iniciar uma evolução de orientação de dentro para fora. Mas a conquista da inteligência é apenas o primeiro passo que o Espírito vai dar em sua estadia no reino hominal. Ele deverá agora iniciar-se na valorosa luta para conquistar os valores superiores da alma: a responsabilidade, a sensibilidade, a sublimação das emoções, enfim, todos os condicionamentos que permitirão ao Espírito alçar-se à comunidade dos Seres Angélicos.
Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, na pergunta 613, comenta:
“O ponto inicial do Espírito é uma dessas questões que se prendem à origem das coisas e de que Deus guarda o segredo. Dado não é ao homem conhecê-las de modo absoluto, nada mais lhe sendo possível a tal respeito do que fazer suposições, criar sistemas mais ou menos prováveis. Os próprios Espíritos longe estão de tudo saberem e, acerca do que não sabem, também podem ter opiniões pessoais mais ou menos sensatas.”.
Reencarnação
Muito se fala dentro dos dogmas espíritas sobre "reencarnação".
Mas o que seria reencarnação?
Como é visto essa colocação entre as pessoas que pregam essa verdade?
Como será que devemos nos permanecer junto a algumas polêmicas vindas de pessoas descrentes e más informadas sobre esse assunto?
Antes de tudo vamos falar da palavra "reencarnação" em si. Vamos ver qual é o significado no dicionário Aurélio: "reencarnação s. f. Ato ou efeito de reencarnar (-se). Reencarnar v. Intr. e pron. Tornar a encarnar-se; reassumir (o espírito) a forma material."
Ou seja, viver, morrer, viver novamente, morrer novamente até estarmos evoluídos para uma próxima caminhada sem precisarmos ter a matéria ou estar nesse planeta como ser vivente. Mas em uma visão mais espiritualista vamos perguntar: O que é a reencarnação e para que ela nos serve?
A Reencarnação é voltar a viver num novo corpo físico. É uma nova oportunidade de aprendizado, como prova do amor de Deus para seus filhos.
A Reencarnação é o processo pelo qual o espírito, estruturando um corpo físico, retorna, periodicamente, ao polissistema material. Esse processo tem como objetivo, ao propiciar vivência de conhecimentos, auxiliar o espírito reencarnante a evoluir.
O reencarne obedece a um princípio de identidade de frequências, ou seja, o espírito reencarna em um determinado continente, em um determinado país, em uma determinada região desse país, em uma determinada localidade dessa região, com determinadas características culturais (idioma, usos, costumes, valores, tradições, história etc.), bem como em uma determinada família, de acordo com a sintonia que a frequência do seu pensamento consiga estabelecer em relação a cada um desses elementos.
O espírito encarnado, fundamentando-se em seu existente (a bagagem de conhecimentos e experiências adquiridos ao longo de toda a sua história, seja encarnado, seja desencarnado), passa a exercitar sua capacidade, a constatar e desenvolver suas potencialidades, enfim, passa a construir seu momento presente e seu momento futuro. Vai enfrentando contradições, dificuldades, obstáculos, facilidades, administrando encontros e desencontros, permanecendo no seu plano geral ou se desviando em função de algumas variáveis do processo, mas sempre de acordo com sua vontade. No exercício do livre-arbítrio, o espírito encarnado vai construindo seu equilíbrio ou seu desequilíbrio, de acordo com a maneira pela qual enfrenta as situações e a vida. Vai, por assim dizer, determinando-se, segundo a natureza de seus pensamentos e atos. Por menos que faça, ou por mais que se desequilibre, o espírito sempre alcança progressos em um ou outro aspecto do seu ser. A evolução não está necessariamente vinculada ao
tempo de vida material, mas à intensidade com que ela é vivida. A quantidade de experiências e o aproveitamento que é feito delas é fundamental para o crescimento do espírito, não importando se as experiências estão sendo vivenciadas no polissistema material ou espiritual. É de se ressaltar que, entre uma encarnação e outra, o espírito continua trabalhando, continua aprendendo, continua evoluindo, de modo que ele não reencarna no mesmo estágio em que desencarnou.
Somente através da reencarnação se prova a justiça e a bondade de Deus, pois é a única explicação racional para as desigualdades sociais existentes no mundo.
Como explicar o fato de crianças que morrem em tenra idade, enquanto outras criaturas vivem quase 100 anos?
Como explicar os que nascem com saúde perfeita, enquanto outros nascem com deficiências físicas grosseiras? Somente a reencarnação nos dá a chave desse "mistério". Com as múltiplas experiências na carne, temos a chance de adquirir e aprimorar conhecimentos que ainda nos faltam nos campos do intelecto e da moral. Além de reatar as amizades com nossos inimigos e reparar erros do passado. Quando estivermos evoluídos moral e intelectualmente, não mais necessitaremos reencarnar.
Muitas pessoas se perguntam, quantas reencarnações já tivemos, ou quantas teremos ainda. Mas não podemos precisar esses números, pois isso depende do estado evolutivo em que se encontra o Espírito.
Algumas pessoas evoluem mais rápido por seu maior esforço, portanto necessitam de passar menor número de vezes na carne, outros são mais lentos permanecendo mais tempo no mundo de sofrimentos. Tudo dependerá de nós. Quanto mais rápido progredirmos moral e intelectualmente, menos encarnações teremos que sofrer.
Quando nosso Espírito tiver alcançado todos os graus de evolução moral e intelectual, seremos Espíritos puros.
E após todo esse tempo de encarnação, desencarnação e reencarnação, seremos encarregados de cumprir os desígnios de Deus, colaborando com a manutenção da ordem universal e transformando-nos em Seus mensageiros. O trabalho nunca acabará, pois, a criação divina é incessante e há diversos mundos em faixa de evolução diferentes. Os Espíritos fazem parte do conjunto de inteligências que governam o Universo, mas, em termos de existência, estão ligados a Deus, assim como folhas em uma árvore ou gotas no oceano.
Muitas pessoas se questionam o porque não temos lembranças vivas e claras de nossas vidas passadas, mas isso é simples de demonstrar e explicar. Estamos encarnados para evoluirmos, precisamos vencer os erros de outras vidas, portanto o esquecimento temporário das vidas passadas é uma necessidade. Não devemos nos lembrar das vidas passadas enquanto estamos encarnados, e nisso está a sabedoria de Deus. Se lembrássemos do mal que fizemos ou dos sofrimentos que passamos, dos inimigos que nos prejudicaram ou daqueles a quem prejudicamos, não teríamos condições de viver entre eles atualmente. Pois, muitas vezes, os inimigos do passado hoje são nossos filhos, irmãos, pais e amigos, que, presentemente, se encontram junto de nós para a reconciliação. Por isso a reencarnação é uma bênção de Deus para seus filhos.
As lembranças de erros passados certamente trariam desequilíbrios de toda ordem, uma vez que estamos muito mais perto do ponto de partida do que do ponto de chegada, em termos de caminhada evolutiva. Depois de desencarnado, normalmente nos lembramos de parte desse passado, conforme o grau evolutivo em que nos situamos, resumidamente reencarnação não serve para explicar tragédias e desgraças; não serve para esconder a ignorância, não serve como desculpa ao imobilismo; não serve como consolo para aquelas situações que deveriam ser modificadas e não o são; não serve para destacar o passado e paralisar o presente. Reencarnação é oportunidade de aprendizado, é oportunidade de se aplicar o que se sabe e superar as limitações através de vivências sucessivas no polissistema material. Reencarnação é afirmação da unidade e da continuidade da vida.
Dentro de uma visão mais abrangente, podemos dizer que temos que viver essa reencarnação para que possamos nos educar e consertar erros do passado, aprendermos a conviver com algum fato ou pessoa que possivelmente nos fez algum mal ou vice-versa, aprendermos as lições que nos foi dada para elevarmos a nossa evolução espiritual. Portanto estamos nessa vida de passagem apenas para evoluirmos, apenas para aprendermos, apenas para perdoar e sermos perdoados, apenas para nos prepararmos para a próxima lição.
Vamos viver de acordo que possamos desencarnar e reencarnar de uma maneira que possamos aumentar nossa luz evolutiva, e para isso temos que usar, e usar bem o nosso livre arbítrio para chegarmos a pureza desejada por Deus, nosso Pai Maior.
Carlos de Ogum / Colaboração de: Catarina de Xangô
3. Leitura Complementar
Pequeno Guia Aplicado Ao Desenvolvimento Mediúnico
Texto baseado em mensagem proferida pelo Dr. Fritz em 04/10/2010
Quanto maior a exposição do Médium aos trabalhos espirituais, maior e mais forte torna-se o vínculo com suas Entidades, Mentores e com toda relação espiritual com a qual atue, seja ela com o lado da luz ou mesmo das trevas.
Nosso propósito é a relação e o vínculo com o plano de Luz, e quanto mais se desenvolve a sensibilidade mediúnica e o aprimoramento da espiritualidade, mais intenso se torna esse vínculo. Acrescido a isso, para uma maior ligação e fortalecimento na interação espiritual, o Médium deve se deter em desenvolver principalmente suas Entidades predominantes, fazendo com que atuem com muito mais intensidade e desenvoltura no uso de seus dotes com qualidade, pleno e total efeito.
O fortalecimento de um Médium, seja na Esquerda, na Direita ou na Cura e Atividade Médica Espiritual, deve ser feito com e através de suas Entidades principais, as quais foram destinadas a acompanhá-lo já no plano espiritual, por determinação de Oxalá, e sendo este um espírito com o desígnio da encarnação, fazendo uso da faculdade mediúnica, este acompanhamento deve ser cada vez mais estreito e contínuo.
As especialidades de cada Entidade, bem como suas atividades em terra, são ditadas por Oxalá, considerando a maior contribuição que possa dar, o resgate que tenha que cumprir ou mesmo um pedido do próprio Espírito ou Entidade, visando sua evolução, sendo que todos estes visam o auxílio a seus semelhantes, a prática consciente da caridade dentro de todos os requisitos que esta prática impõe. E são exatamente essas Entidades que se tornarão as principais, cuja interação mais próxima e a sintonia mais fina devem ser desenvolvidas e trabalhadas simultaneamente pelo Médium e pela Entidade.
Quando existe esta relação com a espiritualidade no uso das faculdades mediúnicas, o desígnio dado por Oxalá passa a ser de ambos, da Entidade e do Espírito do Médium encarnado.
As demais Entidades que acompanham um espírito encarnado, que não são as que conceituamos como predominantes ou principais, são as que chamamos de Entidades de apoio, sempre presentes, porém somente se apresentam quando necessário, atendendo a um chamado para auxiliar ou compor, e fazem parte da corrente de energia que circunda o Médium encarnado e, não necessariamente precisam incorporar no Médium, mesmo porque sua atribuição é de apoio às Entidades predominantes. Mesmo as Entidades predominantes podem em algum momento servir como Entidade de apoio, quando solicitada por um Plano Superior ou no auxílio ao Plano Médico e de Cura sob o comando direto de Oxalá.
Assim, as entidades que um Médium deve desenvolver já foram pré-determinadas mesmo antes de sua encarnação e NÃO é ele quem deve escolher qual ou quais Entidades ele GOSTARIA de desenvolver. Existe um trabalho conjunto para estabelecer metas de aprendizado, resgate, depuração, aprimoramento moral e ético, amadurecimento e evolução destinado a cada um, e a todos, sob aprovação e diferentes critérios estabelecidos por Oxalá, que possui a visão clara da necessidade de cada um, na medida que cada um é capaz de suportar.
Quanto mais as Entidades principais atuam, elas vão se tornando cada vez mais fortes e vão estreitando e intensificando o vínculo com o Médium, com as Entidades de apoio, com a Corrente, com os Orixás e com o ambiente como um todo. Estabelecem uma maior ligação e consequente troca de energia sinergética com os planos espirituais superiores, que lhes dão maior capacidade e vigor às suas atuações e contribuições nos trabalhos e atividades das quais participam, potencializando a qualidade e o resultado atingido.
Desta forma, o Médium deve ter total noção do respeito com o qual deve tratar suas Entidades e os desígnios de Oxalá, recebendo preferencialmente ou apenas as Entidades destinadas aos trabalhos, seja de Esquerda ou Direita, visto que os desígnios de Oxalá não fazem nenhuma destinação, e a seus olhos para atingir a evolução não há diferença entre Esquerda e Direita, pois são espíritos sob sua regência, buscando os mesmos objetivos.
Além disso, o Médium deve ter plena consciência de seu potencial mediúnico, mantendo sob seu controle a passagem que deve dar a Entidades que não as suas ou mesmo a Espíritos que por algum motivo queiram se
manifestar através dele. Explica-se: ao começo do desenvolvimento mediúnico, o Médium vai ganhando experiência, que lhe traz maior confiança e, aos poucos a sua sensibilidade as energias que estão ao seu redor vão aumentando, tornando-se um canal cada vez mais limpo.
Assim, ele deve permitir a incorporação apenas das Entidades que o acompanham no propósito de suas missões, controlando quando e para quais Entidades ou Espíritos (quando isto se fizer necessário, para limpeza, doutrina ou orientação e pacificação destes), será dada permissão para manifestação através de seu corpo, e seja ela qual for, deve estar sempre sob os cuidados da Corrente de um Templo de Umbanda, bem assentado. Todos os Médiuns, estejam em que estágio estiverem, em desenvolvimento ou mesmo já maduros e experientes na relação com a espiritualidade, necessariamente precisam do amparo e firmeza de um Templo e de sua Corrente que lhe dará todo o respaldo necessário.
Nenhum Médium deve realizar trabalhos ou atividades de incorporação ou qualquer outra que exija sua participação como Médium fora de um Templo, pois por mais vivência e experiência que possa ter não estará totalmente apto e protegido por uma retaguarda forte e bem assentada de um Templo. Aqueles que se julgarem capazes acabarão por sofrer as consequências, às vezes sérias e penosas, ao longo de sua vida com efeitos danosos para a matéria e para o próprio espírito.
Da mesma forma, não se pode simplesmente permitir uma incorporação sem ter a certeza do que está sendo feito e nem qual Entidade está se aproximando e pedindo passagem. Cabe ao Médium em desenvolvimento, como parte de seu aprendizado, aprimorar esta sensibilidade perceptiva, sempre sob a orientação e doutrina de um Médium comprovadamente experiente. O Médium em desenvolvimento deve ter a humildade de buscar esclarecimento, perguntando ao Médium e/ou Entidade que está acompanhando seu desenvolvimento se realmente está se portando e agindo da maneira correta, se realmente está sentindo a vibração correta e se a sensação sentida é a que deve ser sentida, sem que esteja sob efeito de uma ansiedade ilusória que pode levá-lo a uma obcecação, e uma consequente mistificação. O Médium que não possui esta equação determinante de controle e equilíbrio sob sua sensibilidade e ansiedade, não está preparado para exercer, desenvolver e praticar a mediunidade, e a insistência neste sentido poderá expor, desacreditar, bem como bloquear a faculdade mediúnica do Médium, podendo expor da mesma forma o Médium e a Entidade que o estarão desenvolvendo, assim como o Templo que o abriga.
A Umbanda já foi diferente, fazendo uso frequente da manifestação de várias Entidades através de um mesmo Médium, além das principais, o que enfraquecia as Correntes, tornando os trabalhos meros rituais para agrado muito mais dos Médiuns do que para manifestação das Entidades no objetivo de atendimento aos consulentes.
Hoje existe outra visão, sabe-se que isso não deve ser feito ou somente em caso de uma necessidade justificável. Os trabalhos devem ser conduzidos e, isto se aplica a todos os Médiuns em desenvolvimento, desenvolvidos e os mais experientes, pelas Entidades predominantes, aquelas que receberam de Oxalá essa missão, bem como estão autorizadas e capacitadas para este fim. Este requisito não é de escolha do Médium, ou mesmo da Entidade, mas sim de um poder maior e deve ser respeitado como uma determinação e imposição de Nosso Pai.
Orgulho, vaidade, exaltação de ego e ostentação de status, não podem, de maneira alguma, fazer parte do desenvolvimento da mediunidade, muito menos da relação com a espiritualidade. É inadmissível que um Médium se sobreponha à vontade de sua Entidade, das Entidades de Comando e Chefia do Templo, da hierarquia do Terreiro, da Mãe de Santo, autoridade máxima em terra, dos Orixás e principalmente às vontades de Oxalá, expressando aquilo que julga ser necessário ou que julga ser o melhor de acordo com seus próprios conceitos.
Receber uma maior quantidade de Entidades, jamais será sinônimo de ter uma mediunidade mais desenvolvida ou mais forte. Muito pelo contrário, sinônimo de mediunidade bem desenvolvida e forte, é a mediunidade bem direcionada e altamente respeitada.
A Umbanda vem evoluindo cada vez mais e dentro deste conceito está o destaque e o respeito a suas entidades principais, o que é parte importante deste processo. Seguindo esta mesma linha de evolução da Umbanda, seus Templos e seguidores, está o desprendimento gradativo e natural aos adornos materiais.
Para a realização dos trabalhos, as Entidades não precisam fazer uso de enfeites e adereços que as prendem aos desejos da matéria o que acaba por dificultar seu desempenho em espírito, como Entidade que deve estar voltada
somente ao plano espiritual, onde sua ação é livre, muito mais forte e eficaz. O Médium deve valorizar aquilo que há de maior valor na espiritualidade pura e em seu real propósito.
Eventualmente alguns recursos materiais, objetos ou mesmo adornos podem ser solicitados por uma Entidade na condução de seus trabalhos ou para um determinado trabalho ou situação especial apenas com a finalidade de um vínculo com a matéria para aquele momento, sem que se perca o propósito e o valor da espiritualidade, mas o uso constante e indiscriminado de adornos e objetos materiais, fugindo aos padrões da Casa e sem um propósito definido para os trabalhos, deve ser evitado.
As próprias guias usadas pelos Médiuns devem ser o mais simples possível, pois devem representar somente as cores, a proteção e a ligação com as Entidades. Virá o momento em que a Umbanda, seus Médiuns e Entidades não precisarão nem de guias, pois a espiritualidade umbandista estará a tal ponto desenvolvida e refinada que a relação e a interação entre o plano espiritual serão muito mais intensa e diferenciada, muito mais direta, quando a ligação com as Entidades estará e será feita através dos laços do pensamento e do elo com a Corrente espiritual.
O uso de objetos e adornos materiais passará a ser somente parte de um passado que caminhou para a evolução natural do Espírito.
Outro fator essencial para um bom desenvolvimento mediúnico e também para uma manutenção do crescente vínculo com o plano espiritual é o equilíbrio emocional, a contenção de seus anseios desmedidos. Tanto o estado emocional do espírito encarnado quanto o seu estado de saúde física refletem diretamente na incorporação, não sendo ela plena ou mesmo existindo, e quando incorporado, na atuação das Entidades, podendo-se até ter o seu vínculo interrompido e com certeza bastante prejudicado. Lembre-se que as Entidades se preparam para aquele momento, para desempenhar suas atividades da melhor maneira possível, e junto com elas as Entidades de apoio, a Corrente Mediúnica e Espiritual, o que torna a responsabilidade do Médium de preservação de suas condições físicas e emocionais muito maior.
Uma boa firmeza com as velas e um período maior de concentração antes dos trabalhos ajudam em muito na recuperação para um estado físico e emocional mais aceitável, e caso isto não ocorra é recomendável que o Médium tenha o bom senso e responsabilidade de não se expor à incorporação.
A Entidade, ao incorporar, deve ter uma ligação, a mais pura e completa possível, com a matéria, onde qualquer sintoma de desequilíbrio seja ele material ou emocional afetará de maneira direta e prejudicial essa ligação, e por vezes chegando a causar repulsa das Entidades em relação ao Médium. Ao início, a Entidade procura suprir está descompensação, auxiliando o Médium, pode até contornar e compensar estas alterações e manter uma ligação efetiva, mas com o tempo isso vai se tornando uma constante e os sentimentos de frustração e repulsa vindos da Entidade vão se intensificando, dificultando cada vez mais a aproximação, a ligação e a sintonia que une Médium e Entidade, assim como na troca do fluido energético do qual compartilha Médium e Consulente.
Portanto, o Médium deve ser acima de tudo, um espírito encarnado equilibrado e praticante convicto dos princípios da Umbanda. Desenvolver a mediunidade é ser um Umbandista de coração, mente e espírito. Ser umbandista praticante e convicto, é aceitar as Leis de Oxalá, é aceitar a busca pelo bem e pela caridade. Isso inclui a busca pelo seu próprio bem, pela prática da caridade para com a sua pessoa, pelo seu equilíbrio emocional, material e espiritual.
Desenvolver a mediunidade de maneira séria e respeitosa é fortalecer-se, é fortalecer suas Entidades, é fortalecer e aumentar o vínculo da sua matéria com o plano espiritual e, consequentemente, fortalecer a Casa onde trabalha, contribuindo com uma mais intensa energia para a Corrente do Templo, bem como para seus irmãos de fé. Somente assim a disseminação do bem, do amor, da caridade, do respeito à sua condição de Médium e à espiritualidade e das Leis de Oxalá estará sendo de fato realizada e a busca pela evolução terá seu propósito garantido. Sempre tendo como base e diretriz, os conceitos sérios e nobres da Umbanda.
Ricardo Moreno
4. Oração de Encerramento
Zambi, nosso pai justo e misericordioso, agradecemos as graças que nos tem abençoado. Agradecemos, Senhor, pelos benefícios que nos concedestes, permitindo que os trabalhos desta casa, sob o patrocínio de nosso Bom Jesus, não fossem desviados dos fins a que se propunham.
Maria, Virgem santíssima, recebei nossos agradecimentos pela benevolência com que acolheste as nossas súplicas.
São Jerônimo, padroeiro dos estudos das Sagradas Escrituras rogai a Deus por nós, para que suas palavras e o amor de Jesus o Cristo possam fazer parte de nossa vida em qualquer lugar que estejamos.
Livrai-nos das perseguições dos maus espíritos e que a vossa luz e o vosso conhecimento possam conduzir esses filhos errantes a senda divina do nosso Pai Criador.
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BOA LEITURA
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