Grupo de Estudos Aula 02



Grupo de Estudos Doutrinários da Umbanda - Aula 02
Niterói, 24 de junho de 2016.

1.      Oração de Abertura
Pai Nosso / Oração A São Francisco de Assis / Prece de Cáritas

2.      Leitura Complementar
A incorporação é uma das faculdades mediúnicas existentes na Umbanda. Através dela o Guia (mentor espiritual) se acopla na matéria do médium com intuito de orientar o consulente, fornecer passes magnéticos, realizar descarrego, benzimentos, entre outros serviços que abastecem a relação do que chamamos de “incorporação”. A incorporação pode ser consciente, inconsciente ou semiconsciente. Independente de qual seja, neste artigo vamos ilustrar algumas situações que atrapalham a incorporação seja do médium iniciante ou do médium veterano. Assim, caso você esteja tendo dificuldades com a incorporação, isso pode estar atrelado a um ou a diversos dos itens abaixo. 
VAIDADE: A FALTA DE AUTOGERENCIAMENTO!
A vaidade dentro de um Terreiro é um problema. Quanto mais cedo você se livrar dela, melhor será para sua incorporação. Entendemos como vaidade quando:
– Queremos ser melhor que os outros no sentido de competitividade;
– Queremos nos desenvolver e dar passe mais rápido do que os outros;
– Colocamos pressão e afronta nos seus Guias para que tragam respostas no NOSSO tempo (nome do Guia, etc.);
– Acreditamos e achamos que nossos Guias são os melhores do Terreiro;
– Desdenhamos o Guia dos outros;
– Vangloriamos a nós mesmos de coisas que foram alcançadas pelos Guias e ficamos contando vantagem sobre isso;
– Reparamos se a nossa roupa é melhor que a do outro irmão;
– Temos ciúmes de alguém dentro do Terreiro pelo que ele faz, fez ou deixou de fazer junto à Casa, aos Guias e aos dirigentes;
– Vangloriamos a nós mesmos da fila de pessoas que se forma para passar com nossos Guias;
– Reparamos em quantas pessoas um médium atende x ao número que atendemos;
– Cobramos a postura de alguém quando em comparação com a nossa;
– Avaliamos um irmão chamando-o de “menos” preparado do que nós quando não é nossa função fazer este tipo de avaliação, mas sim aos dirigentes espirituais da Casa;
– Vangloriamos a nós mesmos dos nossos recursos financeiros e comparamos a qualidade dos itens (guias de cristal, tipos de charuto, tipos de bebida, etc.) com de um irmão menos favorecido financeiramente.
A vaidade é coisa do médium. O Guia e o Orixá já são seres evoluídos e não precisam deste tipo de comportamento. Quando um médium, seja ele mais velho ou em desenvolvimento, for dotado de VAIDADE, você pode ter certeza que ele “apanhará” muito dos seus Guias na incorporação (tendo dificuldades para recebê-lo) ou ainda pior: passará na frente deles diversas vezes dando conselhos desnecessários e até mesmo prejudicial aos consulentes. Lembrando que o termo “apanhar” em Umbanda não se trata de uma surra física, mas espiritual. Chamamos de surra o ato espiritual do Guia sobre o próprio médium para corrigi-lo, por exemplo, em uma Gira de Exu ou Boiadeiro, o médium sai totalmente bêbado sem se quer ter bebido.
Isso tudo é, na verdade, a falta de AUTOGERENCIAMENTO, ou seja, de gerenciar a si mesmo sem ficar perdendo tempo com o que colega do lado está fazendo. Devemos ficar felizes com o sucesso do outro e não os invejar. Terreiro não é lugar de “estrelinhas”, mas sim de humildade. Jesus (Oxalá) é o pilar principal desta religião e nos ensina isso. O problema é que algumas pessoas seguem e outras não. Use seu livre arbítrio para cuidar da sua vida em primeiro lugar e verá como o processo de incorporação ficará mais fácil.
FOFOCA: A FALTA DE ÉTICA E PROFISSIONALISMO!
A fofoca acontece geralmente antes e após a Gira, pois presumimos que a pessoa tem que ser muito cara de pau para fazer fofoca dentro do rito sagrado! De qualquer forma, para um médium de Umbanda (além de ser uma atitude muito feia e imatura), fazer fofoca atrapalha sua conexão com os Guias diretamente. O Guia não tem WHATSAPP, FACEBOOK, CELULAR, porém, ele está conosco e tem ampla visão do que fazemos antes e depois da Gira.
De nada adianta ficar na Gira comportado com cara de santo (a) se fora dela você:
– Planta a discórdia;
– Faz leva e traz de informações de pessoas pelas costas;
– Enche a cabeça do irmão com assuntos desnecessários;
– Conta mentiras;
– Aumenta e sensasionaliza fatos;
– Distorce informações a seu favor;
– Revela segredos e casos que foram confiados APENAS A VOCÊ OU AO SEU GUIA.
A fofoca é, em si, uma grande falta de ÉTICA E PROFISSIONALISMO, pois se tratando de UMBANDA, não há espaço para este tipo de caráter. Além de responder diretamente a Xangô (Orixá que avalia os dois lados da moeda), a fofoca pode e certamente irá atrapalhar o processo de incorporação. Em outras palavras, é como se deixássemos de ser dignos deste dom.
Fora do Terreiro a autonomia do Pai de Santo não tem acesso, mas dentro do Terreiro ele pode e deve exigir RESPEITO entre os Filhos de Santo. Não deve assumir, ouvir e muito menos alimentar estas ervas daninhas. Nenhum Guia ou Orixá quer ter para si um cavalo (médium de incorporação) corrupto, mentiroso e fofoqueiro. Na dúvida, pergunte ao seu Orixá se tudo bem para ele este tipo de atitude!
PREGUIÇA: FALTA DE QUALIDADE
Muitos Filhos de Santo deixam compromissos com o Terreiro a desejar, seja por preguiça, falta de tempo ou outro motivo qualquer:
– Ficam preocupados com o horário de início e término da Gira (reclamam de ficar 4 horas em ritual sagrado em prol do seu próprio desenvolvimento e da caridade, mas não reclamam de ficar 4 horas em uma balada ou 4 horas no computador);
– Deixam de fazer banhos e firmamentos;
– Deixam de fazer as entregas e obrigações de seus Guias;
– Não aplicam as diretrizes e fundamentos que os dirigentes da Casa delegam;
– Fazem as coisas reclamando (na frente ou nas costas do dirigente);
– Fazem as coisas de cara feia;
– Falam de um jeito, mas fazem de outro;
– Acham que a mediunidade se limita apenas a incorporar;
– Faltam e/ou não cumprem as regras da Casa.
Estas e outras ações sintetizam a falta de QUALIDADE dentro da religião. Nenhum Guia espiritual quer colocar seu nome, seu Ponto Riscado e seus mistérios em uma matéria rala, superficial, preguiçosa ou descomprometida. Na Umbanda mexemos diretamente com a VIDA das pessoas e isso não é brincadeira. Tal como a área da saúde, não há espaço para um trabalho mau feito quando o assunto é a vida do próximo.
MATURIDADE: A FALTA DE RESPONSABILIDADE!
Maturidade dentro do Terreiro NÃO SE LIMITA A IDADE. Eu posso ter tanto um jovem fofoqueiro quanto um idoso fofoqueiro. Eu posso ter um jovem com ótimos Guias em Terra, como posso ter um idoso com ótimos Guias em Terra. Eu posso ter um jovem descomprometido, como posso ter um idoso descomprometido. O que traduz a MATURIDADE É A RESPONSABILIDADE. As atitudes vão nos dizer quem é quem, independente de idade ou tempo de Casa.
A falta de maturidade pode ser mais um empecilho para o processo de incorporação. Como podemos dar ao outro aquilo que não temos em nós mesmos? Como é possível ajudar a evolução da maturidade alheia se a nossa não está em dia? Atitudes imaturas entristecem os Guias e os Orixás de modo que eles acabam se afastando de nós. Um bom exercício para vermos se estamos sendo MADUROS dentro do Terreiro é olhar as nossas atitudes. Elas certamente falarão por nós! Um Filho de Santo pode enganar até mesmo a matéria do dirigente da Casa, mas não pode enganar os Guias e os Orixás. Umbanda é responsabilidade e não um jogo, passatempo ou campeonato. A maturidade exige uma transformação de dentro para fora e muda completamente a forma como vemos o mundo.
            TRABALHO EM EQUIPE: ATUAR COM PESSOAS E NÃO CONTRA PESSOAS!
Terreiro é uma família e como tal, não escolhemos os personagens. Tanto é que tem uma letra de Oxalá que diz assim: “Oxalá nos guiou, oxalá nos Uniu, semeou o amor, e a tristeza sumiu”. Ao chegar em um Terreiro ou ao chegar uma pessoa nova, temos em ambas as situações (veterano ou novato) que acolher, ser acolhido e nos adaptar uns aos outros.
Você pode ter certeza que se você for elitista estará desagradando o seu Guia, pois ele em si não é! Imagine para um Guia evoluído ter que descer em um corpo de atitudes sujas, como por exemplo, o Bullying. Sim, Bullying! Exemplos:
– Fazer brincadeiras sem graça, expositivas ou desrespeitosas;
– Fazer exclusão de pessoas;
– Ter preferencialismo dentro do Terreiro para com quem desempenhará determinada atividade.
ORIENTAÇÃO PARA O CLIENTE E PARA RESULTADOS
O Terreiro existe para um propósito, para uma missão e certamente não é a nossa missão pessoal, mas algo maior. Um Terreiro faz parte dos propósitos divinos do amor e da caridade. Escolher fazer parte de um Terreiro e esquecer que o cliente (dito como consulente ou assistência) é o foco dos resultados da Gira é deixar que o nosso egoísmo interior tome conta de um chão sagrado. Neste tópico, algumas atitudes que podem estar atrapalhando a incorporação:
– Usar o Guia espiritual para vingança e assuntos egoístas;
– Ter preferencialismo de quem vai atender;
– Desdenhar alguém da assistência;
– Julgar pessoas.
CONCLUSÃO
São inúmeros os fatores que podem desagradar nossos Guias e atrapalhar o processo de incorporação. Listamos estes comportamentos iniciais como um convite à prática da auto-observação. Já vi casos em que pessoas ficam anos em desenvolvimento, tomando banho de ervas, fazendo obrigações e entregas e “apanham” para incorporar. Também já vi casos de pessoas que durante um tempo foram médiuns fantásticos formando filas de pessoas para passarem com seus Guias e isso se perder com o tempo.
Uma vez que você incorpora um Guia de LUZ, você pode ter certeza que ele será o primeiro a te cobrar sobre POSTURA. Será que nossos Guias estão felizes em usar nosso corpo como matéria, mediante as nossas atitudes fora do processo de incorporação? Esta é uma pergunta que somente cada um pode responder. Mas uma coisa é fato: quanto mais você evoluir quanto matéria, MAIS O GUIA FICARÁ CONTENTE EM USÁ-LA!
O UMBANDISTA VERDADEIRO E O UMBANDISTA DE FIM DE SEMANA
Dentro dos milhões de terreiros espalhados por esse país e pelo mundo, podemos encontrar casas cheias de “médiuns”, todos, ou quase todos, presentes no dia de sessão, afim de cumprir, por mais uma vez sua missão. Entretanto, podemos identificar facilmente dois grandes grupos de Umbandistas: O Umbandista Verdadeiro e O Umbandista de fim de semana. Apesar de ser impossível verificar apenas na aparência em qual grupo determinado médium se encontra, as atitudes, os pensamentos, a preparação do adepto deixa claro sua classificação. Essa classificação deve ser feita intimamente por cada um que se diz “Umbandista”, colocando em uma balança seus atos. Mas, genericamente, podemos defini-los dessa forma: -O UMBANDISTA VERDADEIRO, não deixa de ser umbandista quando os atabaques do terreiro silenciam. Ele continua vivenciando sua religião mesmo fora do templo sagrado. Pois sabe que é aqui fora que se deve pôr em prática todos os ensinamentos dados pelos guias na sessão. -O UMBANDISTA DE FIM DE SEMANA, além de reclamar da duração do trabalho, pois é cansativo ficar em pé algumas horas a cada semana, ou a cada quinze dias, deixa de ser umbandista com o término dos trabalhos. Não vê a hora de ir embora e voltar para sua rotina habitual. Quando indagado sobre sua religião, tem vergonha, esconde, mente ser de outra, e não faz questão nenhuma de pôr em prática aquilo que aprendeu. -O UMBANDISTA VERDADEIRO é aquele que se orgulha de sua religião, não teme assumi-la publicamente, ou ajudar aquele que precisa. É aquele médium interessado, que sempre busca aprender mais, questionar mais, buscando compreender melhor como funciona sua religião e a espiritualidade. -O UMBANDISTA VERDADEIRO tem amor à sua casa religiosa, pois entende que é nesse solo sagrado que seus Orixás e seus guias se manifestam, além de ser uma escola onde desenvolve sua mediunidade e aperfeiçoa sua moral. Busca auxiliá-la em tudo que precisa, tem zelo, tem capricho. -O UMBANDISTA DE FIM DE SEMANA lembra-se de seu terreiro apenas nos dias de sessões, e não se preocupa se tudo está em ordem, ou se a casa se encontra em bom estado, pois, apenas quer “ficar” aquelas horas ali e ir embora. -O UMBANDISTA VERDADEIRO conta os dias para que chegue a próxima sessão. Programa sua vida incluindo os dias de trabalho, para que nenhum evento ocorra nesse dia, pois, trata-se de um dia sagrado. E quando chega o dia, o Umbandista verdadeiro desde o momento em que acorda, já está em sintonia com o astral superior, evitando o consumo de bebidas alcoólicas e fumo e fazendo seu banho de descarga, pois sabe que os irmãos espirituais já estão agindo em seu templo e em sua matéria. Precisa estar bem, para socorrer aqueles que lá estarão precisando de auxílio. -O UMBANDISTA DE FIM DE SEMANA quando nota que naquele fim de semana terá sessão, já faz cara feia e pensa “não acredito, isso de novo! Nem deu para descansar”. Qualquer motivo é motivo para não ir ao terreiro. Se o tempo está frio, chuvoso ou muito quente, não vai. Se “não está afim” arruma qualquer desculpa e não vai. Se espirrar, se pegar uma gripe ou resfriado leve, também não vai. E esquece-se, que muitos irmãos doentes procuram nossas casas em busca de alívio para seus males. Qual seria a lógica de um filho de fé não ir, se seria essa a oportunidade de encontrar sua cura? O Umbandista de fim de semana no dia de sessão age como se fosse mais um dia comum. Cultiva vícios, más palavras, más atitudes e intrigas. Não tem noção de que a espiritualidade já está agindo e que seu comportamento prejudica seriamente seu desenvolvimento. O UMBANDISTA VERDADEIRO realmente acredita naquilo que professa. Sabe que a espiritualidade está em todos os lugares e tudo que faz, faz com fé e amor, pois tem a certeza que os espíritos estão ali e irão, de alguma forma, auxiliá-lo, mesmo não sendo da maneira que ele esperava. Não se desespera com as provações, com os contratempos, com as peripécias da vida, pois sabe que é nos momentos difíceis que realmente somos lapidados. O UMBANDISTA DE FIM DE SEMANA duvida do que professa. Não tem certeza das manifestações. É aquele que acredita que sendo umbandista, nunca mais terá problema de saúde, que nunca mais terá problemas financeiros. Quando tais problemas aparecem, revolta-se e mais uma vez põe em dúvida sua religião. É aquele que acredita serem as entidades verdadeiros “gênios da lâmpada”, que tudo que ele pedir e quiser, elas terão que dar. Acredita que não haverá mais contratempo e que não passará por provações, pois as “entidades não vão deixar ele sofrer”. E você meu irmão de fé? Em qual grupo de Umbandista está? Se está na dos Umbandistas Verdadeiros, parabéns, continua buscando o aperfeiçoamento de sua fé e cumprindo sua missão. Mas, se você está no grupo dos Umbandistas de fim de semana, é sinal que algo em sua vida está errado. Ainda é tempo de mudar! Aproveite essa oportunidade, pois o Reino de Oxalá é grandioso e iluminado, mas temos que merecer estar lá. Todos podem lá chegar, desde que façam sua “reforma íntima”, mudando a maneira de agir e de pensar, confiando mais naquilo que professa, cultivando as coisas positivas, buscando a elevação e entendendo que a Umbanda é a oportunidade que Deus nos deu para corrigir nossos defeitos, livrar-nos de nossos vícios e alcançar o progresso espiritual. Ainda há tempo! Avante filhos de fé!
Gregório Brandão

3.     Oração de Encerramento
Zambi, nosso pai justo e misericordioso, agradecemos as graças que nos tem abençoado. Agradecemos, Senhor, pelos benefícios que nos concedestes, permitindo que os trabalhos desta casa, sob o patrocínio de nosso Bom Jesus, não fossem desviados dos fins a que se propunham.
Maria, Virgem santíssima, recebei nossos agradecimentos pela benevolência com que acolheste as nossas súplicas.
São Jerônimo, padroeiro dos estudos das Sagradas Escrituras rogai a Deus por nós, para que suas palavras e o amor de Jesus o Cristo possam fazer parte de nossa vida em qualquer lugar que estejamos.
Livrai-nos das perseguições dos maus espíritos e que a vossa luz e o vosso conhecimento possam conduzir esses filhos errantes a senda divina do nosso Pai Criador.




Comentários

  1. Muito enriquecedor e gratificante. Me sinto cada fia mais acolhida pelos irmãos de santo
    Obrigada
    Salve Xangô nesse dia 24 de junho que festejamos esse orixá
    Caô cabeci

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