Grupo de Estudos Doutrinários da Umbanda

Grupo de Estudos Doutrinários da Umbanda - Aula 08
Niterói, 15 de maio de 2017.


1 – Objeto de Estudo

O Livro dos Espíritos

Com este livro surgiu no mundo o Espiritismo. Pois antes não havia esse entendimento e muito menos uma filosofia religiosa ou científica que falasse sobre orientações dos espíritos. Sua primeira edição foi lançada em 1857, em Paris, e com ele três novidades foram apresentadas ao mundo: A primeira novidade era a Doutrina Espírita. A primeira vez que aparecia na sua real intenção do Cristo, que pregou que o amor e a caridade eram a principal razão da fé e da igreja.


A segunda, a palavra Espiritismo, criada por Kardec e desde aquele momento integrado na língua francesa e nos demais idiomas do mundo. A terceira representava o nome Allan Kardec.


A maneira por que o livro fora escrito era também inteiramente nova. Allan Kardec fazia as perguntas que eram respondidas pelos Espíritos, sob a direção do Espírito de Verdade. Através da Psicografia indireta, os médiuns, duas meninas, uma de 16 anos e outra de 14 anos. Outros médiuns foram posteriormente consultados e Kardec “Foi dessa maneira que mais de dez médiuns prestaram concurso a esse trabalho”.


Este livro é, portanto, o resultado de um trabalho coletivo entre o Céu e a Terra. O Prof. Denizard Hipollite não o publicou com o seu nome ilustre de pedagogo e cientista, mas com o nome de Allan Kardec que representava uma falange que se constituía dos Espíritos Reveladores, sob a orientação do Espírito de Verdade e dos pioneiros encarnados, com Allan Kardec à frente. Um livro que remonta nosso conhecimento da vida, e da vida além-túmulo.


Fundamentos Básicos


1) A existência de Deus; 2) A imortalidade da alma, pois ela vive após a morte do corpo; 3) A evolução do espírito até atingir a perfeição através das reencarnações; e 4) a comunicação dos espíritos desencarnados com os encarnados.


Ao nos tornarmos Espíritas, devemos entender a necessidade de se modificar moralmente e se tornar um ser do Bem. Isto porque Allan Kardec afirmou, em O Evangelho segundo o Espiritismo, que o verdadeiro Espírita é reconhecido pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega em domar suas más tendências.


Ainda a respeito de Deus, encontramos na Questão n 1, de O Livro dos Espíritos, a seguinte definição: "Deus é a inteligência Suprema do Universo e causa primária de todas as coisas". Aliás, é uma síntese geral do Criador, ou seja, que acima de todas as inteligências que existem no Universo, está, portanto, a inteligência Divina, e que Ele criou tudo o que existe: o mundo material, o mundo espiritual tanto quanto os espíritos encarnados e desencarnados.
Com relação ser Ele a causa de tudo o que há no Universo, o melhor argumento é o da própria ciência, ou seja, a de que "não há efeito sem causa". Procurando a causa de tudo o que existe no Universo, e que não é obra do homem, concluiremos logicamente de que se trata de uma obra de Deus.


De fato, podemos afirmar que esse "grande relógio", gigantesco que é o Universo, foi projetado por uma inteligência que denominamos – Deus. Jesus nos disse Pai nosso que estás nos céus.



I – Espiritismo e Espiritualismo



O espiritualismo é o oposto do materialismo; quem quer que acredite haver em si mesmo alguma coisa além da matéria é espiritualista; mas não se pode dizer que é espírita. Diremos, portanto, que a palavra Espiritismo tem por significado a religião passada pelos Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se o quiserem, os espiritistas.



II – Alma, Princípio Vital e Fluido Vital






Há outra palavra sobre a qual igualmente devemos entender-nos, é a palavra alma.


- Segundo uns, a alma é o princípio da vida orgânica material; não tem existência própria e se extingue com a vida: é o puro materialismo.


- Outros pensam que a alma é o princípio da inteligência, que é universal e que cada ser absorve uma porção dessa alma. Segundo estes, não haveria em todo o universo senão uma única alma. De acordo com esta opinião, a alma universal seria Deus e cada ser uma porção da Divindade; é esta uma variedade do Panteísmo.


- Segundo outros, enfim, a alma é um ser moral, distinto, independente da matéria e que conserva a sua individualidade após a morte. Esta concepção é a mais comum, porque, sob um nome ou outro, a ideia desse ser que sobrevive ao corpo.


Essa palavra tem, portanto, significação triplo e cada um com a razão, e por isso chamamos ALMA ao ser imaterial e individual que existe em nós e sobrevive ao corpo.





I – Deus e o Infinito






1. O que é Deus?


— Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas






II – Provas da Existência de Deus






4. Onde podemos encontrar a prova da existência de Deus?


— Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e vossa razão vos responderá.


Comentário de Kardec: Para crer em Deus é suficiente lançar os olhos às obras da criação. O universo existe; ele tem, portanto, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa, e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa.






5. Que consequência podemos tirar do sentimento intuitivo, que todos os homens trazem consigo, da existência de Deus?


— Que Deus existe; pois de onde lhes virá esse sentimento, se ele não se apoiasse em nada? E uma consequência do princípio de que não há efeito sem causa.






6. O sentimento íntimo da existência de Deus, que trazemos conosco, não seria o efeito da educação e o produto de ideias adquiridas?


— Se assim fosse, por que os vossos selvagens também teriam esse sentimento?






8. Que pensar da opinião que atribui a formação primária de tudo como matéria, ou seja, ao acaso?


— Outro absurdo! Que homem de bom senso pode considerar o acaso como um ser inteligente? E, além disso, o que é o acaso? Nada!


Comentário de Kardec: A harmonia que regula as forças do universo revela combinações e fins determinados, e por isso mesmo um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso, seria uma falta de senso, porque o acaso é cego e não pode produzir efeitos inteligentes. Um acaso inteligente já não seria um acaso.






9. Onde se pode ver, na causa primária, uma inteligência suprema, superior a todas as outras?


— Tendes um provérbio que diz o seguinte: pela obra se conhece o autor. Pois bem: vede a obra e procurai o autor! É o orgulho que gera a incredulidade.


Comentário de Kardec: Julga-se o poder de uma inteligência pelas suas obras. Como nenhum ser humano pode criar o que a Natureza produz, a causa primária há de estar numa inteligência superior à Humanidade.


Esta inteligência superior é a causa primária de todas as coisas qualquer que seja o nome pelo qual o homem a designe.






10. O homem pode compreender a natureza íntima de Deus?


— Não. Falta-lhe, para tanto, um sentido.






11. Será um dia permitido ao homem compreender o mistério da Divindade?


— Quando o seu espírito não estiver mais obscurecido pela matéria e, pela sua perfeição, tiver se aproximado dela, então a verá e compreenderá.


Comentário de Kardec: A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza intima de Deus.






12. Se não podemos compreender a natureza íntima de Deus, podemos ter uma ideia de algumas de suas perfeições?


— Sim, de algumas. O homem se compreende melhor, à medida que se eleva sobre a matéria; ele as entrevê pelo pensamento.


13. Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, não temos uma ideia completa de seus atributos?


— A razão vos diz que Deus deve ter essas perfeições em grau supremo, pois, se tivesse uma de menos, ou que não fosse em grau infinito, não seria superior a tudo, e, por conseguinte, não seria Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus não deve estar sujeito a vicissitudes e não pode ter nenhuma das imperfeições que a imaginação é capaz de conceber.


Comentário de Kardec: Deus é ETERNO. Se ele tivesse tido um começo, teria saído do nada, ou então, teria sido criado por um ser anterior. É assim que, pouco a pouco, remontamos ao infinito e à eternidade.


É IMUTÁVEL. Se ele estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo não teriam nenhuma estabilidade.


É IMATERIAL. Quer dizer, sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria, pois de outra forma ele não seria imutável, estando sujeito às transformações da matéria.


É ÚNICO. Se houvesse muitos Deuses, não haveria unidade de vistas nem de poder na organização do Universo.


É TODO-PODEROSO. Porque é único. Se não tivesse o poder soberano, haveria alguma coisa mais poderosa ou tão poderosa quanto ele, que assim não teria feito todas as coisas. E aquelas que ele não tivesse feito seriam obras de um outro Deus.


É SOBERANAMENTE JUSTO E BOM. A sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores como nas maiores coisas, e esta sabedoria não nos permite duvidar da sua justiça, nem da sua bondade.





2. Leitura Complementar


O aprendizado na Umbanda é lento e deve ser buscado com calma e tranquilidade. Espere com a certeza de que Oxalá reservou o seu momento, na prática da caridade. Primeiramente começamos com aceitação da nossa religião, para sermos umbandista devemos crer nas nossas definições de Deus, Orixás, Reencarnação, Lei da Causa e Efeito, Dharma e Carma, Jesus Cristo porta voz do amor de Deus, Amar ao próximo como a ti mesmo, que Fora da Caridade não há salvação, obrigatório o uso de roupas brancas, preceito espiritual e a reforma íntima entre outros fundamentos.


Médiuns novos na casa, devem seguir as orientações da casa para postura e comportamento diante ao congá e aos outros médiuns. As mulheres médiuns usar a baiana completa, médiuns homens calça branca e jaleco. Não fazer uso de materiais que levem a vaidade como: brincos, pulseiras, cordões, relógios ou acessórios que não sejam de cunho religioso ou aliança de casamento.


Também aos médiuns novos na casa são orientados a não fazerem o uso de bebidas alcoólicas, fumo e nem dar consulta. Devem esperar cada um o seu tempo para receber as energias da casa, dos guias e a preparação para tal. E quando já se sentirem preparados comece aos poucos. Poucas doses, pouco fumo e etc, ouvindo sempre os dirigentes da casa.


Ao entrar no terreiro temos que ter uma conduta de paz e irmandade, não se deixando levar por qualquer situação que possa perturbar a concentração necessária para os trabalhos da casa.


O cuidado com o preceito aos médiuns da casa deve começar um dia antes, na sexta-feira, evitando frequentar lugares de baixa frequência espiritual ou de fazer coisas que nos descarregue a energia vital aos trabalhos da gira. No sábado lembrar do banho de ervas e de manter um pensamento numa frequência positiva.


Ao chegarmos no terreiro evitar fofocas ou trazer problemas de casa (exemplo contar as dificuldades e tristezas da semana aos amigos). Devemos ficar atento ao horário de início da gira, para não atrapalharmos o andamento chegando após o horário estipulado.


Chegando no centro, cumprimentar a firmeza da entrada, que é protegida por Exú, e assim todas as firmezas da casa. Trocar de roupa o mais rápido possível para se livrar das roupas da rua e começar a entra em sintonia com os guias espirituais.


Cumprimentar o Pai de Santo e seus auxiliares e os ogãs.


Na corrente devemos ter bastante concentração, para que não sejamos o elo fraco, por onde as energias que estão ali para atrapalhar vão penetrar. Não dando vazão a conversas paralelas, muito menos ironizar nossos irmãos da casa que estejam em desenvolvimento. Ficar no seu lugar e fixar o seu pensamento em Zambi (Deus) e em Oxalá para que possamos abrir nossos canais de comunicação.


Com isso evitamos dar acesso aos espíritos obsessores que estão por toda parte e que precisam ser ajudados em luz e exemplo de boa conduta nossa e de todos que ali estão.


Quando não estiver em trabalho com suas entidades, deve ajudar seu irmão próximo de você na corrente. Os cambonos do terreiro são auxiliares de nossas entidades, e devem ser tratados com respeito e consideração por todos nós, assim como são pelas nossas entidades.


Os dirigentes da casa estão à disposição de todos os filhos, para que possam esclarecer qualquer dúvida e lhes dar o auxílio necessário.


A concentração no decorrer da gira é de suma importância, a participação com os pontos e as palmas, pois, é através das palmas e do canto que entramos em sintonia com nossas entidades e mantemos a corrente do terreiro.


Na hora de início da gira devemos respeitar a ordem hierárquica dos guias, o primeiro guia a incorporar é o do Pai Adilson, pois é ele que abre os caminhos e o último a ir embora pois levará todo a carga energética.


As entidades, só tem podem prestar a consulta quando o Chefe da casa autoriza, então fica proibido aos guias darem consulta no muro, devem esperar a hora certa. No momento da consulta a assistência tem prioridade, nós estamos aqui prioritariamente para fazer a caridade e assim a nossa evolução, não somos proibidos de falar com as entidades de nossos irmãos, existem momentos em que estamos trabalhando internamente sem abrir para assistência, justamente para o nosso desenvolvimento, consultas e necessidades.


É obrigatório que todos que já recebam suas entidades tragam os objetos (charutos, bebidas, velas e outros), necessários para o trabalho a ser realizado. É obrigatório que mantenhamos nossa casa limpa, e no uso de copos, panos e outros, após o uso recolocarmos no mesmo lugar e limpos.


A limpeza da nossa casa é feita pelos nossos irmãos em doação de seu tempo para nós e para os orixás. Tenhamos respeito e consideração.


Lembre-se a Umbanda é uma Religião que não obriga ninguém a fazer nada, é livre assim como a vida.










Boa Leitura!









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