Grupo de Estudos Doutrinários de Umbanda - Aula 12
Niterói, 11 de setembro de 2017.
1
– Objeto de Estudos
Dia
de Gira:
Começamos o dia de
preceito, ou seja, com a consciência limpa, clara, pacífica e aberta a luz das
entidades. Devemos evitar brigas, constrangimentos, gritaria, ficar em
ambientes desequilibrados, em bares ou em lugares muitos carregados. A nossa
alimentação também deve ser equilibrada, de modo, que não tenhamos má digestão,
por isso evitamos comer feijão e carnes pesadas como as vermelhas.
O banho de ervas deve
ser preparado por nossas mãos, com pensamentos positivos para que tenha um
melhor resultado, logo após o banho firmar o Anjo de Guarda ascendendo uma
vela. É importante guardar um pouco do banho para usar na volta, pois assim
como é importante abrir o corpo para os trabalhos mediúnicos é importante
fechá-lo.
A roupa branca deve ser
apenas para o trabalho no terreiro, desde as peças íntimas até as camisas,
saias, calças e outras peças. Cuide bem dos objetos usados por seus guias,
guarde com cuidado as guias, pois elas são frágeis.
Leve consigo todas as
coisas usadas por seus guias, cigarros, charutos, bebidas, incensos, copos,
velas e etc... Lembre-se, também que após o uso dos objetos pelas entidades é
importante que você, caso use algo do terreiro, lave e coloque limpo no mesmo
local em que pegou, para que da próxima vez possa fazer a mesma coisa.
O maior objetivo da
Umbanda é assistir os sofredores que nos procuram, tanto os encarnados como os
nossos irmãos desencarnados, oferecendo um alento, um conforto e um carinho
muitas vezes oferecido pelos guias espirituais.
A assistência não quer
médiuns fantasiados, os guias, os orixás não se preocupam ou não exigem do
médium que ele use certa roupa para incorporar, uma roupa que às vezes é mais
cara que o seu próprio salário. É como se disséssemos que sem a roupa a
entidade não incorpora, o que é muito pelo contrário, pois o Caboclo das Sete Encruzilhadas
quando abriu o primeiro terreiro de Umbanda definiu que a roupa usada seria
apenas a de cor branca.
Imagine o caso de um
médium se fantasiar de Ogum, colocar armadura de ouro, capa, espada cravejada
de pedras preciosas e capacete, ou um boiadeiro durante a gira beber 5 litros
de cachaça. Tudo isso, é desnecessário, precisamos prestar a devida atenção e
não desrespeitar a primeira regra da Umbanda a HUMILDADE.
Outro assunto é
referente ao uso do álcool e do fumo, que demanda tempo de casa, é necessário
que o médium tenha firmeza suficiente e ligação com os seus guias para fazê-lo,
o fundamento do uso é muito importante, mas de nada adianta se for vaidade do
médium. É um compromisso que firmamos como soldados de Oxalá que somos.
Ao chegar na esquina da
subida do terreiro, sempre lembre de saudar Exu, pois é na esquina que são
feitos alguns despachos da casa, e ali tem a presença dos guardiões do terreiro
fazendo toda a proteção necessária para os trabalhos e também para a nossa
proteção.
Ao chegar nas portas do
terreiro, saúdem o Exu Seu Calunga, um dos guias chefes do nosso Babalorixá, ao
subir as escadas saúdem Nossa Senhora representando todas as Yabás (Orixás
Femininos das Águas), depois o Cruzeiro das Almas, que representa a linha de
Oxalá pelos Pretos Velhos com o Pai André Guia Chefe do Terreiro.
Depois a casinha do Seu
Atotô, pedindo equilíbrio e preparo físico para os trabalhos, a casa de Exú
pedindo descarrego das energias impuras, e por último ao nosso querido Pai
Xangô, agradecendo por ter chegado em paz do caminho desde suas casas, pedindo
orientação para os trabalhos que irão começar.
Ao chegar dentro do
terreiro, lembrar de não ficar trazendo problemas de casa ou do trabalho para
assunto, tentar esquecer completamente da vida do lado de fora e pensar apenas
no trabalho a ser desenvolvido.
Depois de vestir a roupa branca, apresentar-se ao
Gongá na seguinte ordem;
1º
- Saudar o Congá através de Oxalá.
A saudação ao congá significa nos curvarmos diante
os orixás da casa, é ser humilde para pedir permissão aos trabalhos.
2º
-
Após se apresentar ao Gongá devemos tomar as devidas bênçãos aos dirigentes e
ao Ogã chefe da casa.
A gira vai começar e o Pai de Santo já pede concentração, pode parecer
brincadeira mais é importantíssimo a concentração, pois sem ela é melhor
voltarmos para as nossas casas do que ficar ali à toa. Médiuns em fila,
mulheres de um lado e homens do outro é claro evitando as conversas paralelas.
Os filhos casados devem ficar distantes e se
comportar como irmãos de fé que são enquanto estiverem dentro do terreiro.
Começamos a usar os
Pontos Cantados de Umbanda em louvor aos Orixás e as linhas das Entidades
trabalhadoras. É um dos fundamentos mais importantes para a harmonização e
eficácia dos trabalhos, é uma prece, ou invocação das diferentes Falanges para
as atividades ritualísticas. A harmonia dos sons é muito importante, pois gera
uma vibração que facilita a vinda das Entidades de Luz, necessárias para os
trabalhos, sendo uma verdadeira força mágica.
Os Pontos Cantados seguem
uma ordem, em cada linha que se inicia começa com os pontos da firmeza da casa
e devem ser respeitados, portanto deve se esperar a incorporação do Pai de
Santo ou dos Pais Pequenos, para só permitir a sua incorporação.
Os Pontos são pequenas
histórias ou orações, contando quem é o Guia e/ou Orixá, sua forma de atuação,
sua força diante das dificuldades, sua relação com os Orixás, um chamamento de
um filho que procura ajuda ou proteção. Outra função dos Pontos, ao serem
cantados, é fazer descarregar e fluir as emoções dos médiuns em vibrações
relacionadas com seus Guias e/ou seus Orixás, permitindo assim, um perfeito
entrosamento e equilíbrio dos médiuns em seu trabalho. Os Pontos Cantados podem
ser de diversos tipos, a saber:
- Abertura ou licença para iniciar a gira, onde se
pede a proteção dos Orixás, reforçando a ação das sentinelas do templo, que são
os Exus e os Caboclos, que formam uma espécie de cordão de isolamento
permitindo a entrada apenas de Espíritos de Luz, e no momento certo, de
espíritos necessitados de ajuda, mas que permanecem sobre seus controles.
- De Bate-Cabeça, que é a saudação ao Conga, visando
a proteção para os trabalhos mediúnicos
- Defumação e limpeza do Centro
- Louvação e também conexão com as Entidades e/ou
Orixás, que são Pontos Cantados para a chegadas das linhas de trabalho na
Umbanda. Existem hinos específicos cantados para cada uma das linhas.
- Quebra de demanda
- Abertura de caminhos
- Despedida da Entidade, que não são apenas uma
despedida da Entidade. Como os pontos fazem parte da magia da Umbanda, os
pontos de subida servem para dar mais firmeza aos médiuns e auxiliando a
Entidade a concluir seu trabalho, seja um descarrego, uma cura, ou qual seja
sua missão.
- Fechamento da Gira, que serve para reequilibrar os
chacras dos médiuns e prepará-los a voltarem às atividades cotidianas.
É preciso sempre ter em
mente que os pontos cantados na umbanda são parte integrante de sua magia.
Desta forma, os Pontos Cantados, por serem de grande importância e fundamento,
devem ser alvo de todo o cuidado, respeito e atenção por parte daqueles que as
utilizam.
Hora da defumação, a defumação é essencial para qualquer trabalho num terreiro
de Umbanda e em diversas religiões. O uso da queima das ervas serve para cortar
certas cargas pesadas que ficam presas ao nosso corpo Astral, durante o
dia-a-dia, ou seja pensamentos e ambientes de vibrações pesadas, rancores,
invejas, preocupações etc...
A defumação tem o poder
de limpar estas cargas pois afetam o campo Astral, mental e nossa
áurea, tornando-os “libertos”, de tal peso para produzirem seu
funcionamento normal. Os defumadores são poderosos aliados para quem procura se
livrar de maus fluidos, ficar com a alma leve e em sintonia com o alto. Os
defumadores são muito usados, para a limpeza de ambiente, servem como
repelentes afastam os maus espíritos e atraem os guias de luz.
É feito a Prece a Jesus
Cristo, e solicitada a proteção do nossos Anjos de Guarda, para auxiliar na
fortificação do nosso corpo físico e Astral, fazemos a saudação aos Orixás e
aos espíritos consoladores.
É realizado a abertura
da casa, e nesse momento fazemos uma homenagem ao Xangô Gino, entidade que
trabalhava junto ao nosso Avô de Santo (Pai Borges) pai do nosso querido
Babalorixá, nessa hora todos, sem distinção se ajoelham para homenageá-lo.
Também é realizada nos
pontos de força da casa a firmeza de Xangô e de Ogum, a corrente faz a
concentração para que a entidade do Pai de Santo chegue no terreiro, a primeira
entidade a chegar numa gira é sempre a do Pai de Santo.
Todas as linhas
trabalhadas seguem a mesma ordem, a primeira entidade a chegar é a do Pai de
Santo, e também a última a subir, as entidades devem obedecer a ordem de
chegada e partida.
Quando
uma entidade chega no terreiro ela deve;
1º - Cumprimentar o Gongá.
2º - Cumprimentar o Pai de Santo.
3º - Cumprimentar o Pai ou a Mãe Pequena.
4º - Cumprimentar os Ogãns.
E
na hora da subida as entidades devem seguir uma ordem parecida;
1º - Cumprimentar os Ogãs.
2º - Cumprimentar o Pai ou a Mãe Pequena.
3º - Cumprimentar o Pai Adilson
4º - Cumprimentar os Congá.
A atenção aos pontos
também é necessária, para ajudar na nossa concentração para a incorporação das
entidades. A Umbanda é luz, som e movimento. Mas os médiuns, não devem ficar
esperando cantar o ponto do seu guia para incorporar, devem mentalizar desde o
início da linha para entrar em sintonia com a entidade, pois se ficar esperando
cantar o ponto certo poderá perder a hora certa de trabalhar e só receber o
guia no final, quando for a hora das entidades subirem.
Os pontos cantados, é
assim que chamamos, servem para que os médiuns se concentrem no trabalho que
está sendo feito, com isso conseguiremos que a vibração seja somada através de todos
nos unindo a uma só voz e uma só vibração.
Durante a gira, algumas
entidades realizam trabalhos, firmezas e obrigações para a assistência, fazendo
uso de Pontos Riscados, velas, copos, cigarro ou charuto. A obrigação de dar
continuidade ao trabalho feito é do médium, limpar o ponto do chão, despachar
os trabalhos, lavar os copos, jogar os cigarros na caixinha de areia. É
inadmissível que uma entidade cuspa ou jogue lixo no chão, como é um espírito
evoluído jamais faria isso, isso é influência diretamente do médium.
Pois então é você quem
deve despachar o trabalho iniciado pela entidade, o Cambono da casa só despacha
as obrigações do terreiro.
Comportamento
do Médium
As regras são bem
claras. Por isso é bom que os médiuns conheçam antecipadamente as suas
obrigações e o que devem ou não fazer. Existe um compromisso com o terreiro a
que forem pertencer, seja ele qual for, são eles: vontade de evoluir
espiritualmente, disciplina na corrente, submissão aos mandos da hierarquia, se
não puderem amar seus irmãos ao menos os tolerem, não criticar os outros,
cuidar para que suas palavras sempre sejam de incentivo e amor, cuidar e zelar
por seu material dos trabalhos e de sua roupa branca, honrar a respeitar o nome
dos espíritos, respeitar as outras religiões, sempre que tiverem dúvidas
perguntar aos dirigentes, não hesitar quando forem convocados para auxiliar o
outro como cambono, não fomentar brigas e discórdias, não faltar aos trabalhos,
não frequentar outras casas sem autorização do dirigente, cantar os pontos e
auxiliar a manutenção da gira e outras condições que o bom senso determina.
Você pode dizer “sou contra
as regras” e prego a liberdade, mas, jamais o médium deve esquecer que a sua
liberdade cessa quando começa a do outro.
Servir como cambono por
um período no terreiro é uma obrigação dos médiuns em desenvolvimento. Servir e
assistir os trabalhos das entidades vai dar um conhecimento significativo sobre
a forma como os Orixás trabalham. Para conhecimento de todos, o que mais
aborrece um dirigente é a má vontade do médium quando ele é convocado para
ajudar como cambono. Quando comecei na Umbanda eu servi como cambono e não me
arrependi porque aprendi muito.
O médium não deve ficar
olhando os outros, julgar ou criticar seu irmão de corrente. Deve cuidar
somente de si e deixar para a hierarquia corrigir o erro dos outros. Na Umbanda
nós somos conscientes durante a incorporação (E é proposital) pois precisamos
ter responsabilidade com nossa atuação durante a gira.
Devemos aceitar que
existem regras no terreiro e no plano espiritual e se não obedecemos perdemos
totalmente a credibilidade diante dos irmãos, da assistência e do mundo.
A desobediência nos
leva a imagem do fingimento e nenhuma entidade irá impedir que façamos, assim
como nenhuma entidade copia o comportamento de outra ou o nome e da mesma forma
os médiuns não podem copiar o comportamento de outro irmão.
Médium em
desenvolvimento precisa entender que os guias já sabem: médium em
desenvolvimento não dá consulta, não fala com assistência, não dá passe, não
puxa guia de ninguém, não recebe durante rituais de sacudimento, não recebe
várias entidades na mesma falange. Essas regras são do plano astral e os guias
respeitam.
Portanto quando o
médium não compreende esses ensinamentos ele está se expondo falsamente diante
da casa. Devemos compreender que o desenvolvimento mediúnico demora muito, leva
muitos anos, as vezes leva vidas e vidas.
Vamos todos viver uma
vida espiritual harmoniosa e equilibrada. Ouvir, observar, aprender em silêncio
e ensinar pelo exemplo com humildade, essas são as nossas maiores obrigações.
Boa Leitura!
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