Grupo de Estudos Aula 05


Grupo de Estudos Doutrinários da Umbanda
 Aula 05 Niterói, 05 de agosto de 2016.


2.      - Dia de Gira

Começamos o dia de preceito, ou seja, com a consciência limpa, clara, pacífica e aberta a luz das entidades. Devemos evitar brigas, drogas, constrangimentos, gritaria, ficar em ambientes desequilibrados, em bares ou lugares muitos carregados. A nossa alimentação também deve ser equilibrada, de modo, que não tenhamos má digestão, por isso evitamos comer feijão e carnes pesadas como as vermelhas.
O banho de ervas deve ser preparado por nossas mãos, com pensamentos positivos para que tenha um melhor resultado, logo após o banho firmar o Anjo de Guarda ascendendo uma vela. É importante guardar um pouco do banho para usar na volta, pois assim como é importante abrir o corpo para os trabalhos mediúnicos é importante fechar.
A roupa branca deve ser apenas para o trabalho no terreiro, desde as peças íntimas até as camisas, saias, calças e outras peças. Cuide bem dos objetos usados por seus guias, guarde com cuidado as guias, pois elas são frágeis, deixe longe do sol para não desgastar o nylon.
Leve consigo todas as coisas usadas por seus guias, cigarros, charutos, bebidas, incensos, copos e etc... Lembre-se, também que após o uso dos objetos pelas entidades é importante que você, caso use algo do terreiro, lave e coloque limpo no mesmo local em que pegou, para que da próxima vez possa fazer a mesma coisa.
O maior objetivo da Umbanda é assistir os sofredores que nos procuram, desejando um alento, um conforto e um carinho muitas vezes oferecido pelas entidades. A assistência não quer médiuns fantasiados, os guias, os orixás não se preocupam ou não exigem do médium que ele use certa roupa para incorporar, uma roupa que às vezes é mais cara que o seu próprio salário. É como se disséssemos que sem a roupa a entidade não incorpora, o que é muito pelo contrário, pois o Caboclo das Sete Encruzilhadas quando abriu o primeiro terreiro de Umbanda definiu que a roupa usada seria apenas a branca.
Imagine o caso de um médium se fantasiar de Ogum, colocar armadura de ouro, capa, espada cravejada de pedras preciosas e capacete, ou um boiadeiro durante a gira beber 5 litros de cachaça. Tudo isso, nós chamamos de animismo, que é o ato de copiarmos e influenciarmos nossas incorporações com informações que trazemos na nossa mente ou copiamos de outros lugares, sem prestarmos a devida atenção desrespeitando a primeira regra da Umbanda HUMILDADE.
Outro assunto é referente ao uso do álcool e do fumo, que demanda tempo de casa, é necessário que o médium tenha firmeza suficiente e ligação com os seus guias para fazê-lo, o fundamento do uso é muito importante, mas de nada adianta se for vaidade do médium. Não existe motivo algum para que um médium leve uma caixa de cerveja por exemplo para uma gira de Exu, o terreiro não é bar muito menos festa. É um compromisso que firmamos como soldados de Oxalá que somos.
Ao chegar na esquina da subida do terreiro, sempre lembre de saudar Exú, pois é na esquina que são feitos alguns despachos da casa, e ali tem a presença dos guardiões do terreiro fazendo toda a proteção necessária para os trabalhos e também para a nossa proteção.
Ao chegar nas portas do terreiro, saúdem Seu Calunga, um dos guias chefes do nosso Babalorixá, ao subir as escadas saúdem Nossa Senhora representando todas as Yabás (Orixás Femininos), depois o Cruzeiro das Almas, que representa a linha de Oxalá pelos Pretos Velhos com o Pai André Guia Chefe do Terreiro. Depois a casinha do Seu Atotô, pedindo equilíbrio para os trabalhos, a casa de Exú pedindo descarrego das energias impuras, e por último ao nosso querido Pai Xangô, agradecendo por ter chegado em paz do caminho desde suas casas, pedindo orientação para os trabalhos que irão começar.
Ao chegar dentro do terreiro, lembrar de não ficar trazendo problemas de casa ou do trabalho para assunto, tentar esquecer completamente da vida do lado de fora e pensar apenas no trabalho a ser desenvolvido.
Depois de vestir a roupa branca, apresentar-se ao Gongá na seguinte ordem;
1º - Primeiro saudar o Xangô Menino
2º - A parte central, onde está Oxalá, Oxum, Xangô, Ogum, Iansã, Crianças e Nanã.
3º - A parte do Povo Encantado, com Iemanjá, Ogum Beira-Mar, Ogum Megê e as Sereias
4º - A parte de Oxóssi, representando pelos Caboclos e Caboclas como Tupinambá, Ventania e Jurema.
5º - A parte das Almas, com São Benedito, Pai André, Pai Joaquim e Nossa Senhora do Rosário entre outros.
6º - A parte do Oriente, com Santa Sara, Ciganos Vladimir, Cigana Sete Saias entre outros.
7º - A parte do Seu Atotô com Obaluyaê e Omulu.
8º - A firmeza de Santo Antônio na parte de cima da porta.
          Após se apresentar ao Gongá devemos tomar benção; ao Pai de Santo, as Mães Pequena e aos Ogãs da casa. 
          A gira vai começar e o Pai de Santo já pede concentração, pode parecer brincadeira mais é importantíssimo a concentração, pois sem ela é melhor voltarmos para as nossas casas do que ficar ali à toa. Médiuns em fila, mulheres de um lado e homens do outro é claro evitando as conversas paralelas.
Começamos a usar os Pontos Cantados, cantigas de Umbanda em louvor aos Orixás e as linhas das Entidades trabalhadoras. É um dos fundamentos mais importantes para a harmonização e eficácia dos trabalhos, é uma prece, ou invocação das diferentes Falanges para as atividades ritualísticas. A harmonia dos sons é muito importante, pois gera uma vibração que facilita a vinda das Entidades de Luz, necessárias para os trabalhos, sendo uma verdadeira força mágica. Os Pontos Cantados são verdadeiros mantras, preces, das forças da natureza e nos faz entrar em contato íntimo com as Entidades Espirituais que nos regem.
Os Pontos são pequenas histórias ou orações, contando quem é o Guia e/ou Orixá, sua forma de atuação, sua força diante das dificuldades, sua relação com os Orixás, um chamamento de um filho que procura ajuda ou proteção, entre outras colocações de festividade e manifestação de fé. Outra função dos Pontos, ao serem cantados, é fazer descarregar e fluir as emoções dos médiuns em vibrações relacionadas com seus Guias e/ou seus Orixás, permitindo assim, um perfeito entrosamento e equilíbrio dos médiuns em seu trabalho. Os Pontos Cantados podem ser de diversos tipos, a saber:
- Abertura ou licença para iniciar a gira, onde se pede a proteção dos Orixás, reforçando a ação das sentinelas do templo, que são os Exus e os Caboclos, que formam uma espécie de cordão de isolamento permitindo a entrada apenas de Espíritos de Luz, e no momento certo, de espíritos necessitados de ajuda, mas que permanecem sobre seus controles.
- De Bate-Cabeça, que é a saudação ao Conga, visando a proteção para os trabalhos mediúnicos
- Defumação e limpeza do Centro
- Louvação e também conexão com as Entidades e/ou Orixás, que são Pontos Cantados para a chegadas das linhas de trabalho na Umbanda. Existem hinos específicos cantados para cada uma das linhas.
- Quebra de demanda
- Abertura de caminhos
- Despedida da Entidade, que não são apenas uma despedida da Entidade. Como os pontos fazem parte da magia da Umbanda, os pontos de subida servem para dar mais firmeza aos médiuns e auxiliando a Entidade a concluir seu trabalho, seja um descarrego, uma cura, ou qual seja sua missão.
- Fechamento da Gira, que serve para reequilibrar os chacras dos médiuns e prepará-los a voltarem às atividades cotidianas.
É preciso sempre ter em mente que os pontos cantados na umbanda são parte integrante de sua magia. Desta forma, os Pontos Cantados, por serem de grande importância e fundamento, devem ser alvo de todo o cuidado, respeito e atenção por parte daqueles que as utilizam.
          Hora da defumação, a defumação é essencial para qualquer trabalho num terreiro de Umbanda e em diversas religiões. O uso da queima das ervas serve para cortar certas cargas pesadas que ficam presas ao nosso corpo Astral, durante o dia-a-dia, ou seja pensamentos e ambientes de vibrações pesadas, rancores, invejas, preocupações etc...
A defumação tem o poder de limpar estas cargas pois afetam o campo Astral, mental e nossa áurea, tornando-os “libertos”, de tal peso para produzirem seu funcionamento normal. Os defumadores são poderosos aliados para quem procura se livrar de maus fluidos, ficar com a alma leve e em sintonia com o alto. Os defumadores são muito usados, para a limpeza de ambiente, servem como repelentes afastam os maus espíritos e atraem os guias de luz.
É feito a Prece a Jesus Cristo, e solicitada a proteção do nossos Anjos de Guarda, para auxiliar na fortificação do nosso corpo físico e Astral, fazemos a saudação aos Orixás e aos espíritos consoladores.
Também é realizada nos pontos de força da casa a firmeza de Xangô e de Ogum. Geralmente a primeira linha é sempre á de Xangô, a corrente faz a concentração para que a entidade do Pai de Santo chegue no terreiro, a primeira entidade a chegar numa gira é sempre a do Pai de Santo. Na linha de Xangô fazemos uma homenagem ao Xangô Gino, entidade que trabalha junto ao nosso Avô de Santo (Pai Borges) pai do nosso querido Babalorixá, nessa hora todos, sem distinção se ajoelham para homenageá-lo.
Em todas as linhas trabalhadas seguem a mesma ordem, a primeira entidade a chegar é a do Pai de Santo, e também a última a subir, as entidades devem obedecer a ordem de chegada e partida. Quando um guia chega ele deve;
1º - Cumprimentar o Gongá.
2º - Cumprimentar o Pai de Santo.
3º - Cumprimentar as Mães Pequena.
4º - Cumprimentar os Atabaques.
E nessa mesma ordem as entidades devem seguir quando já tiverem trabalhado e tiverem prestes a subir.
A atenção aos pontos também é necessária, para ajudar na nossa concentração para a incorporação das entidades. A Umbanda é luz, som e movimento. Mas os médiuns, não devem ficar esperando cantar o ponto do seu guia para incorporar, devem mentalizar desde o início da linha para entrar em sintonia com a entidade, pois se ficar esperando cantar o ponto certo poderá perder a hora certa de trabalhar e só receber o guia no final, quando for a hora das entidades subirem. Os pontos cantados, é assim que chamamos, servem para que os médiuns se concentrem no trabalho que está sendo feito, com isso conseguimos que a vibração seja somada através de cada um, unindo a todos numa só voz e numa só vibração.
Durante a gira, algumas entidades realizam trabalhos, firmezas e obrigações para a assistência, fazendo uso de Pontos Riscados, velas, copos, cigarro ou charuto. A obrigação de dar continuidade ao trabalho feito é do médium, limpar o ponto do chão, despachar os trabalhos, lavar os copos, jogar os cigarros na caixinha de areia, é inadmissível que uma entidade cuspa ou jogue lixo no chão, como é um espírito evoluído jamais faria isso, isso é influência diretamente do médium. Pois então é você quem deve despachar o trabalho iniciado pela entidade, o Cambono da casa só despacha as obrigações do terreiro.

Gira de Obaluyaê / Omulu

Outro momento importante da Gira é a hora que dentro da linha de Omulu é realizado o banho de pipoca. Os banhos de pipoca são rituais importantes e poderosíssimos, em banhos de cura e harmonização as pipocas são feitas sem óleo e sem sal; nos banhos de descarrego o milho é estourado com azeite de dendê (nesse caso o banho deve ser feito sempre em campo aberto); nos banhos de fixação de força o milho deverá ser estourado na areia da praia. A pipoca também é elemento vegetal transformador e transmutador, portanto é muito usada nos rituais de cura, além disso os Guias fazem verdadeiras mandingas com apenas um punhado de pipoca nas mãos, favorecendo o corpo astral dos consulentes. Nesse momento é preciso que toda a corrente esteja em sintonia para que as entidades do Pai de Santo possam buscar as energias suficientes para a imantação da pessoa assistida.

Gira de Exú/Malandro

Um outro método de descarrego que usamos é o Ponto de Pólvora também conhecida em algumas regiões como "Fundanga" ou "Tuia", o chamado Ponto-de-Fogo é um dos mais utilizados recursos da Umbanda e dos Cultos Africanos. Alguns também o chamam de "Círculo de Pólvora" ou "Queima de Fundanga".
            Á prática deste ato é muito antiga e muito utilizada, mas poucos sabem o seu significado. Primeiramente devemos saber qual a finalidade do uso da pólvora: o seu principal uso é afastar, limpar e dispersar energias negativas, espíritos obsessores da aura da pessoa ou do ambiente em que foi queimada. As larvas astrais, que são como "carrapatos" do espírito, se desgrudam da aura e se desintegram na corrente elétrica provocada pela queima da pólvora. É importante dizer que todos os trabalhos com pólvora exigem muita concentração.
Apesar de ser a pólvora a força máxima para limpeza, seu uso deve ser restrito a casos da mais absoluta necessidade, sob a responsabilidade do Guia-Chefe, com o auxílio, é evidente, das falanges trabalhadoras ou evocadas. O uso da pólvora é muito eficaz, mas deve ser feio por uma pessoa habilitada, com conhecimento e tarimba para tal manipulação de energia.
Esse é um dos momentos que mais exigem força, fé e concentração dos médiuns, pois a pessoa que será descarregada deverá ficar no meio do círculo de pólvora, rodeada de médiuns preparados (pois é preciso fazer um círculo de luz), e sobre as ordens do Pai de Santo ou do Guia chefe para fazer a queima. Caso s médiuns envolvidos fique fora da energia positiva emanada pelas entidades ele pode ser absorvido pelas energias negativas liberadas durante a queima da pólvora.

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